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lunes, 21 de febrero de 2022

CRISTO REI E AS APOSTASIAS POLÍTICAS. IMPORTÂNCIA E NECESSIDADE DE ENTENDER BEM ESSE ASSUNTO.

 

Observação. Nada nos interessa mais do que destacar e lembrar aos nossos leitores a grande importância de falar sobre um tema tão emocionante como CRISTO REI, devido aos ataques virulentos à sua realeza universal. Ataques que surgem tanto de fora da Igreja quanto de dentro dela, sobre a primeira Nossa Senhora de La Salette diz: "Os governantes civis terão todos o mesmo plano, que será abolir e fazer desaparecer todos os princípios religiosos, dando lugar ao materialismo, ateísmo, espiritualismo e todos os tipos de vícios”. Acredito que isso não precisa ser demonstrado, no momento estamos vendo com nossos próprios olhos, todos os governos do mundo se laicizaram e sacudiram o jugo suave e leve da soberania real de Nosso Senhor Jesus Cristo e lançou abertamente o ingrato grito satânico: “Sem servo”. Cabe a nós pequeno rebanho sair em defesa deste reino espiritual e social de Nosso Salvador

6. Refutação da segunda apostasia.

A segunda apostasia consiste em A apostasia da espiritualidade do Reino chega ao ponto de fazer da Palavra de Deus um Rei para certas coisas e não para outras, um Rei em certos momentos e não em outros, porque é o fim das instituições mas não de todos.

Como Lutero disse: "porque seu reino não é da terra ou na terra, mas ele é o rei dos bens espirituais como a verdade, a sabedoria, a paz, a alegria, a bem-aventurança, etc. […] Do que se segue que seu governo é espiritual e invisível»

Mas isso é um erro, é uma heresia.   Porque os títulos de Rei são detidos por Nosso Senhor Jesus Cristo em razão de sua divindade, de modo que a origem ou início de seu Reino e sua realeza não são terrenas, mas sobrenaturais, divinas em essência. O arcebispo Marcel Lefebvre disse uma vez que “se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, então ele é o dono de todas as coisas, elementos, indivíduos, famílias e sociedade. Ele é o Criador e o fim de todas as coisas» (12).

Santo Tomás (13), confirma o raciocínio parando no seu âmbito: porque o poder de Cristo é geral, universal, sobre todas as criaturas ( Mt. 26, 18); porém, é um poder especialmente espiritual sobre os santos (na vida presente pela graça e no futuro pela glória), pois os santos não são deste mundo ( Jo 18,36). Portanto, o reino de Cristo começa aqui embaixo e se consuma na vida futura quando tudo lhe é submetido como escabelo de seus pés ( Sl . 109, 1).

¿Este princípio teológico está sujeito à historicidade humana? Não. Não é um ponto de vista que muda conforme os tempos mudam; Aqueles que assim acreditam produzem uma ruptura no conceito e uma ruptura na doutrina que o ensina. Porque deve ser acordado que, se Cristo é apenas o Rei espiritual, se ele só reina no interior do homem, em sua alma, nada externo a ela, seja a família, a sociedade, o Estado ou a Igreja, tem razão para existem para a salvação: esta é a lógica protestante a que necessariamente conduz o argumento espiritualista a favor do reino de Cristo. Lógica protestante que também leva à afirmação de sua realeza “part-time” ou “segmentada socialmente”.

Esta é uma forma de apostasia na qual o intelectual católico frequentemente cai, como se fosse possível dividir-se em católica por questões de fé e filósofo, cientista, profissional ou professor para nossas atividades particulares. Mas não é assim: primeiro, porque não podemos estabelecer fins naturais que contradigam o fim do homem, que é sobrenatural, a felicidade.

Segundo, porque a ordem dos bens estabelecida por Nosso Senhor não pode ser mudada, não podemos invertê-la: devemos primeiro buscar o Reino de Deus e sua justiça e o resto nos será dado como certo ( Mt. 6-33). São Tomás de Aquino explicou em referência a I Cor. 10, 11, que no tempo da graça não há promessas temporárias, como havia nos tempos da Lei, nem há uma aliança no novo tempo que contenha tais promessas ( Is . 1, 19) (14).

Terceiro, porque, como bem sabemos, não se pode servir a dois senhores ( Mt. 6, 24), e sustentar que Jesus é Rei em alguns casos ou momentos e não em outros, é o mesmo que tornar-se servo daquele “não”. .

Portanto, devemos servir ao Reino de Cristo com a nossa inteligência e com todo o nosso ser, pois neste campo não há neutralidade, pois a Verdade não é neutra (15).

Lembremo-nos de que os mornos serão vomitados da boca de Deus ( Ap. 3, 16). Nas festas da Virgem Maria, a Igreja coloca na boca de Nossa Senhora as palavras de Sabedoria: "Aqueles que me dão a conhecer alcançarão a vida eterna" ( Ecl . 24, 31). É por isso que Nosso Senhor pode sentenciar que "aquele que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante de meu Pai celeste" ( Mt. 10, 33).

7. Terceira apostasia: ¿ele é realmente Rei?

Poderíamos chamar isso de "a apostasia da imatualidade".

Já contei essa anedota em outras ocasiões, mas vale a pena repeti-la para entrar no assunto. Certa vez ouvi um velho padre jesuíta dizer, em seu sermão sobre a festa de Cristo Rei, que era uma celebração que pertencia ao tempo em que a Igreja era monárquica, desmentindo-a.

Ele deixou de dizer que, sendo a Igreja hoje democrática, Cristo seria mais um cidadão, com direito a voto, com a opção de ser presidente, se quiser, mas não rei. ¡O presentismo da rede sanciona o ultrapassado! O estranho nisso é que se você mergulhar na democratização do Reino, você pode levar a heresia a termos

verdadeiramente absurdo (ainda mais herético), fazendo da democracia o cerne da questão e deslocando a monarquia do direito divino, que corresponde a Cristo, por uma utopia cósmica semelhante à do grande arquiteto maçônico que nos confia a construção de uma mansão humanitária.

Assim, um padre pôde afirmar: «Pablo Suess vem propondo a expressão “construir a Democracia de Deus, cósmica, pluralista e inclusiva, e portanto, amorosa, encarnação viva do Deus das mil faces, cores, gêneros, culturas, etnias, sentidos”” (16). Mudo. “democracia participativa do RD [Reino de Deus]” para corrigir a evocação que o termo clássico implica. Já sabemos que não se pode simplesmente substituir uma expressão por outra, mas é evidente que é bom aludir frequentemente a esta insuficiência da expressão clássica, para fazer com que os ouvintes a percebam, e para libertar o conteúdo (o próprio reino, o significado), das limitações do significante (a palavra não é completamente adequada). Para falar do Reino talvez seja melhor falar do Projeto, da Utopia de Deus... que fazemos nossa: queremos

8. Refutação da terceira apostasia

Todo católico sabe ou deveria saber que Cristo é o Rei da criação, conforme declarado no Antigo e no Novo Testamento. É por isso que o Cardeal Pie disse que "não há profeta, nem evangelista, nem um dos apóstolos que não lhe assegure sua qualidade e seus atributos de rei" (17). E o Pe. Castellani assim resumiu: “ Cristo é Rei, por três títulos, cada um deles mais que suficiente para lhe conferir um verdadeiro poder sobre os homens. Ele é Rei por título de nascimento, por ser o Verdadeiro Filho de Deus Todo-Poderoso, Criador de todas as coisas; é Rei por título de mérito, por ser o Homem mais excelente que existiu ou existirá; e é Rei por título de conquista, por ter salvo com a sua doutrina e o seu sangue a humanidade da escravidão do pecado e do inferno» (18).

O título faz com que a pessoa, neste caso o Verbo divino, que é Rei e não cidadão, goste ou não. Mas há mais: Nosso Senhor Jesus Cristo não é um rei facultativo no sentido de que Seu reinado depende de nossa vontade; sua realeza não depende de consensos ou pactos humanos. São Paulo o diz categoricamente: oportet illum regnare ( I Cor ., 15, 25).

Cristo deve reinar porque já é rei; não é uma possibilidade, é uma necessidade que gera uma obrigação de nossa parte. Ele não é um Rei em potencial, ele é um ato em sua própria essência divina; e devemos fazê-lo reinar em tudo o que depende de nós.

9. Praticidade da realeza de Cristo

O significado da realeza de Cristo é também prático, consiste na adoção de um princípio diretivo, assentado sobre os fundamentos perenes de toda ordem política cristã reta, que como cristão é coroado em e por Cristo Rei; princípio orientador que não congela os meios e instrumentos – como, por exemplo, os sistemas ou regimes políticos –, mas se abre à consideração de situações particulares de acordo com a prudência. É um aqui e agora que é tomado como ponto de partida e que será um ponto de chegada devido ao trabalho da nossa colaboração.

Parece-me que o Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo se expressa fundamentalmente em duas formas ou dimensões que acabam por se sintetizar numa terceira. Primeiro, é o “reino discreto de Nosso Senhor”, pregado, entre outros, por Garrigou-Lagrange (19), que é o reino no coração humano e que, assim, permeia sutilmente toda a sociedade; é o império da fé em Cristo que se projeta em nossa conduta e nos leva a “converter a sociedade”, a transformá-la à maneira de Cristo.

Em segundo lugar, é o "reinado expresso de Nosso Senhor", que é o governo manifesto através das leis da sociedade, atingindo assim o coração do homem. É o estabelecimento de uma sociedade cristã, essa ordem natural desejada por Deus.

A afirmação da Realeza Social, temporal, política de Nosso Senhor resulta da afirmação católica tradicional dos fins do homem ou, melhor dizendo, da ordenação dos fins temporais ao sobrenatural e ao fim último. É a doutrina de São Tomás: a vida na terra é uma preparação para a vida eterna, de modo que a ordem temporal deve servir ao fim último e supremo do homem. Então, como insiste Pe. Phillippe, “todas as instituições divinas ou humanas têm como objetivo final a glória de Deus e a salvação das almas. Assim, todas as instituições sociais, todas as ações e diretrizes políticas devem levar em conta esta verdade fundamental, que o homem não foi feito para este mundo, mas para a Eternidade.Não é infundado, então, que a ordem concreta das sociedades, em suas dimensões política, jurídica, moral, econômica, cultural etc., deva considerar "antes de tudo, a meta última de toda existência humana"; e, se o fizer, afirmará a realeza de Jesus Cristo (20). Voltarei a este ponto na parte final porque é altamente atual.

Essas duas formas, que se interpenetram mutuamente ajudando-se mutuamente na mesma ordem e propósito, se unem em uma terceira:  o "culto público a Nosso Senhor, Rei dos corações e das sociedades".

Devemos lembrar com Pio XI que o Reino social de Nosso Senhor Jesus Cristo não se impõe, mas, ao contrário, exige que os homens reconheçam, pública e privadamente, "o poder régio de Cristo" (21). Porque Cristo reina na sociedade por meio dos homens, o que exige, como afirma Pe. Phillippe, que "toda política deve ser submissa a Deus", ou seja, "deve ser reconhecida naquilo que exprime uma realidade dependente de Deus", especialmente na atenção o objetivo final do homem e de toda a Criação (22).

Assim, as razões são vistas para negar um Reino puramente íntimo e espiritual, uma realeza “moral” que escapa à sociedade, e até – como temos vindo a expor – uma realeza que não o é porque se tornou um princípio democrático pluralista.

A realeza do Verbo Encarnado é espiritual e social, e porque é, também é pública no sentido indicado por Pio XI: exige e reivindica o reconhecimento público dos governantes através do culto que Lhe é devido.

Citações.

(14) SAINT THOMAS AQUINAS, Expositio super Primam Epistolam S. Pauli Apostoli ad Corinthios , versão bilingue em francês: Commentaires sur la Première Épitre de S. Paul aux Corinthiens , t. II, Paris, Louis Vives, 1870, c. X, leia. 2, pág. 347-348. San AGUSTÍN pronuncia no mesmo sentido em seu comentário ao versículo 2 do Salmo 73: Enarraciones sobre los Salmos (2º) , Madrid, BAC, 1955 (volume XX das Obras de San Agustín ), p. 931.

(15) Ver o maravilhoso livrinho de Étienne GILSON, Le philosophe et la théologie (1960), Paris, Vrin, 2005 (há uma edição em espanhol), especialmente os caps. IV e V.

(16) Sobre o padre Pablo Suess, ver http://paulosuess. Blogspot. com.ar A citação foi retirada do Pe. Felipe SANTOS CAMPAÑA, em http://www.autorescatólicos.org/felipesantosmeditaciondiaria0385.htm

(17) P. Théotime DE SAINT-JUST , La royauté sociale de NS Jésus-Christ d'après le Cardinal Pie , 2ª ed., Paris, Société et Librairie S. François d'Assise-Librairie G. Beauchesne, 1925, p. . . 31.

(18) Leonardo CASTELLANI, «Cristo Rei», loc. cit., pág. 164.

(19) Reginald GARRIGOU-LAGRANGE, OP, «La Royauté universelle de Notre-Seigneur Jésus-Christ», La Vie Spirituelle (Paris), n. 73 (1925), pág. 5-21.

(20) PA PHILLIPPE, Catecismo da Realeza Social de Jesus Cristo , 1926, questão 15; em http://ar.geocities.com/doctrina_catolica/catecismos/

catechism_royalty.html

(21) Quas prima , n. 17.

(22) Catecismo da Realeza Social de Jesus Cristo , questão 15.

 

 

 

 

CHRIST THE KING AND THE POLITICAL APOSTASIES. IMPORTANCE AND NEED TO WELL UNDERSTAND THIS SUBJECT.

 

Note. Nothing interests us as much as highlighting and reminding our readers of the great importance of talking about such an exciting topic as CHRIST THE KING, due to the virulent attacks on his universal royalty. Attacks that arise both from outside the Church and from within it, about the first Our Lady of La Salette says: "The civil rulers will all have the same plan, which will be to abolish and make all religious principles disappear, giving way to materialism, atheism, spiritualism and all kinds of vices”. I believe that this does not need to be demonstrated, at present we are seeing it with our own eyes, all the governments of the world have laicized themselves and shaken off the soft and light yoke of the royal sovereignty of Our Lord Jesus Christ and have openly launched the ungrateful satanic cry: “No servant”. It is up to us little flock to come out in defense of this spiritual and social reign of Our Savior

  6. Refutation of the second apostasy.

The second apostasy consists of The apostasy from the spirituality of the Kingdom reaches the point of making the Word of God a King for certain things and not for others, a King at certain times and not at others, because it is the end of the institutions but not of all.

As Luther said: "because his kingdom is not of the earth or on the earth, but he is king of spiritual goods such as truth, wisdom, peace, joy, bliss, etc. […] From which it follows that his government is spiritual and invisible»

But this is a mistake, it is heresy.   Because the titles of King are held by Our Lord Jesus Christ by reason of his divinity, in such a way that the origin or beginning of his Kingdom and his royalty are not earthly but supernatural, divine in essence. Archbishop Marcel Lefebvre once said that “if Our Lord Jesus Christ is God, he is consequently the owner of all things, elements, individuals, families and society. He is the Creator and the end of all things» (12).

Santo Tomás (13), confirms the reasoning stopping at its scope: because the power of Christ is general, universal, over all creatures (Mt. 26, 18); however, it is an especially spiritual power over the saints (in the present life by grace and in the future by glory), since the saints are not of this world ( Jn 18, 36). Therefore, the kingdom of Christ begins here below and is consummated in the future life when everything is submitted to him as a footstool for his feet ( Ps . 109, 1).

Is this theological principle subject to human historicity? No. It is not a point of view that changes as times change; Those who believe so produce a break in the concept and a break in the doctrine that teaches it. Because it must be agreed that, if Christ is only the spiritual King, if he only reigns in the interior of man, in his soul, nothing external to it, be it the family, society, the State or the Church, have reason to exist in order to salvation: this is the Protestant logic to which the spiritualist argument for the kingdom of Christ necessarily leads.

Protestant logic that also leads to the affirmation of His “part-time” or “socially segmented” royalty.

This is a form of apostasy in which the Catholic intellectual frequently falls, as if it were possible to divide into a Catholic for questions of faith and a philosopher, scientist, professional or teacher for our particular activities.

But it is not like that: first, because we cannot establish natural ends that contradict the end of man, which is supernatural, happiness.

Second, because the order of goods established by Our Lord cannot be changed, we cannot invert it: we must first seek the Kingdom of God and His justice and the rest will be given to us for granted (Mt. 6-33). Saint Thomas Aquinas has explained in reference to I Cor. 10, 11, that in time of grace there are no temporary promises, as there were in times of the Law, nor is there an alliance in the new time that contains such promises (Is. 1, 19) (14).

Third, because, as we well know, one cannot serve two masters (Mt. 6, 24), and to maintain that Jesus is King in some cases or moments and not in others, is the same as becoming servants of that “no”.

Therefore, we must serve the Reign of Christ with our intelligence and all of our being, because in this field there is no neutrality since the Truth is not neutral (15).

Let us remember that the lukewarm will be vomited out of the mouth of God (Rev. 3, 16). On the feasts of the Virgin Mary, the Church places in the mouth of Our Lady the words of Wisdom: "Those who make me known will obtain eternal life" (Eccl . 24, 31). That is why Our Lord can sentence that "whoever denies me before men, I will also deny before my heavenly Father" (Mt. 10, 33).

7. Third apostasy: ¿is he really King?

We could call it "the apostasy of imactuality."

I have told this anecdote on other occasions, but it is worth repeating it to get on the subject. I once heard an old Jesuit priest say, in his sermon on the Feast of Christ the King, that it was a celebration that belonged to the time when the Church was monarchical, thereby disavowing it.

He failed to say that, being the Church today democratic, Christ would be one more citizen, with the right to vote, with the option of being president, if you will, but not king. The net presentism sanctions the outdated!

The strange thing about this is that if you delve into the democratization of the Kingdom, you can take the heresy to terms

truly absurd (even more heretical), making democracy the crux of the matter and displacing the monarchy of divine right, which corresponds to Christ, for a cosmic utopia similar to that of the great Masonic architect who entrusts us to build a humanitarian mansion.

Thus, a priest has been able to affirm: «Pablo Suess has been proposing the expression “participatory democracy of the RD [Kingdom of God]” to correct the evocation that the classic term implies. We already know that one cannot simply substitute one expression for another, but it is evident that it is good to frequently allude to this insufficiency of the classical expression, to make the listeners realize it, and to liberate the content (the kingdom itself, the signified), of the limitations of the signifier (the word not completely adequate). To speak of the Kingdom it may be better to speak of the Project, of God's Utopia... which we make our own: we want“build the Democracy of God, cosmic, pluralistic and inclusive, and therefore, loving, living incarnation of the God of a thousand faces, colors, genders, cultures, ethnic groups, senses”» (16). Speechless.

8. Refutation of the third apostasy

Every Catholic knows or should know that Christ is King of creation as stated in the Old and New Testaments. That is why Cardinal Pie said that «There is not a prophet, nor an evangelist, nor one of the apostles who does not assure him of his quality and his kingly attributes» (17). And Fr. Castellani has summed it up thus: “Christ is King, by three titles, each one of them more than enough to confer on him true power over men. He is King by birth title, for being the True Son of Almighty God, Creator of all things; he is King by title of merit, for being the most excellent Man that has existed or will exist; and he is King by title of conquest,for having saved with his doctrine and his blood humanity from the slavery of sin and hell» (18).

The title makes the person, in this case the divine Word who is King and not a citizen, like it or not. But there is more: Our Lord Jesus Christ is not a facultative king in the sense that his reign depends on our will; his royalty does not depend on consensus or human pacts. Saint Paul says it categorically: oportet illum regnare (I Cor ., 15, 25).

Christ must reign because He is already king; it is not a possibility, it is a necessity that engenders an obligation on our part. He is not a potential King, he is an act in his very divine essence; and we must make him reign in everything that depends on us.

9. Practicality of the kingship of Christ

The meaning of the kingship of Christ is also practical, it consists in the adoption of a directive principle, mounted on the perennial foundations of every upright Christian political order, which as a Christian is crowned in and by Christ the King; guiding principle that does not freeze the means and instruments – thus, for example, the political systems or regimes –, but rather opens itself to the consideration of particular situations in accordance with prudence. It is a here and now that is taken as a starting point and that will be a point of arrival due to the work of our collaboration.

It seems to me that the Social Reign of Our Lord Jesus Christ is fundamentally expressed in two ways or dimensions that end up being synthesized in a third. First, it is the “discreet reign of Our Lord”, preached by, among others, Garrigou-Lagrange (19), which is the reign in the human heart and which, by such means, subtly permeates all of society; it is the empire of faith in Christ that is projected in our conduct and leads us to “convert society”, to transform it in the manner of Christ.

Second, it is the "express reign of Our Lord," which is the manifest rule through the laws of society, thereby reaching the heart of man. It is the establishment of a Christian society, that natural order wanted by God.

The affirmation of the Social, temporal, political Kingship of Our Lord results from the traditional Catholic affirmation of the ends of man or, better said, from the ordering of temporal ends to the supernatural and ultimate end. It is the doctrine of Saint Thomas: life on earth is preparation for eternal life, so that the temporal order must serve the ultimate and supreme end of man. Then, as Fr. Phillippe insists, “all divine or human institutions have as their ultimate goal the glory of God and the salvation of souls. Thus all social institutions, all political actions and directives must take account of this fundamental truth, that man was not made for this world, but for Eternity.It is not unfounded, then, that the concrete order of societies, in their political, legal, moral, economic, cultural dimensions, etc., should consider "first and before anything else, the ultimate goal of all human existence"; and, if he does so, he will affirm the kingship of Jesus Christ (20). I will return to this point in the final part because it is highly topical.

These two forms, which interpenetrate mutually helping each other to the same order and purpose, come together in a third:  the "public worship of Our Lord, King of hearts and societies."

We must remember with Pius XI that the social Reign of Our Lord Jesus Christ does not impose itself, rather, on the contrary, it requires that men acknowledge, publicly and privately, "the royal power of Christ" (21). Because Christ reigns in society through men, which requires, as Fr. Phillippe affirms, that "all politics must be submissive to God", that is, "it must be recognized in what expresses a reality dependent on God”, especially in attention to the ultimate goal of man and of all Creation (22).

Thus, the reasons are seen to deny a purely intimate and spiritual Kingdom, a “moral” royalty that escapes society, and even – as we have been exposing – a royalty that is not such because it has become a pluralist democratic principle.

The royalty of the Incarnate Word is spiritual and social, and because it is so, it is also public in the sense indicated by Pius XI: it demands and claims public recognition by the rulers through the cult that is due to Him.

Quotes.

(14) SAINT THOMAS AQUINAS, Expositio super Primam Epistolam S. Pauli Apostoli ad Corinthios , bilingual version in French: Commentaires sur la Première Épitre de S. Paul aux Corinthiens , t. II, Paris, Louis Vivès, 1870, c. X, read. 2, pp. 347-348. San AGUSTÍN pronounces in the same sense in his commentary on verse 2 of Psalm 73: Enarraciones sobre los Salmos (2nd) , Madrid, BAC, 1955 (volume XX of the Works of San Agustín ), p. 931.

(15) See the wonderful little book by Étienne GILSON, Le philosophe et la théologie (1960), Paris, Vrin, 2005 (there is a Spanish edition), especially chaps. IV and V.

(16) On the priest Pablo Suess, see http://paulosuess. blogspot. com.ar The quote is taken from Fr. Felipe SANTOS CAMPAÑA, at http://www.autorescatolicos.org/felipesantosmeditaciondiaria0385.htm

(17) P. Théotime DE SAINT-JUST , La royauté sociale de NS Jésus-Christ d'après le Cardinal Pie , 2nd ed., Paris, Société et Librairie S. François d'Assise-Librairie G. Beauchesne, 1925, p. . 31.

(18) Leonardo CASTELLANI, «Christ the King», loc. cit., p. 164.

(19) Reginald GARRIGOU-LAGRANGE, OP, «La Royauté universelle de Notre-Seigneur Jésus-Christ», La Vie Spirituelle (Paris), no. 73 (1925), pp. 5-21.

(20) PA PHILLIPPE, Catechism of the Social Kingship of Jesus Christ , 1926, question 15; at http://ar.geocities.com/doctrina_catolica/catecismos/

catechism_royalty.html

(21) Quas premiums , no. 17.

(22) Catechism of the Social Kingship of Jesus Christ , question 15.

 

 

sábado, 19 de febrero de 2022

CRISTO REY Y LAS APOSTASÍAS POLÍTICAS. IMPORTANCIA Y NECESIDAD DE COMPRENDER BIEN ESTE TEMA.

 

Nota. Nada nos interesa tanto como resaltar y hacer recordar a nuestros lectores la importancia tan grande que tiene hablar de este tema tan apasionante como lo es el CRISTO REY, en virtud de los ataques tan virulentos de los que es objeto su realeza universal. Ataques que se suscitan tanto de fuera de la Iglesia como de dentro de la misma, sobre los primeros Nuestra Señora de la Salette dice:Los gobernantes civiles tendrán todos un mismo plan, que será abolir y hacer desaparecer todo principio religioso, para dar lugar al materialismo, al ateísmo, al espiritismo y a toda clase de vicios”. Creo que esto no hace falta demostrarlo en la actualidad lo estamos viendo con nuestros propios ojos, todos los gobiernos del mundo se han laicizado y sacudido el yugo suave y ligero de la soberanía regia de Nuestro Señor Jesucristo y abiertamente han lanzado el ingrato grito satánico: “Non serviant”. Compete a nosotros pequeña grey salir en defensa de este reinado espiritual y social de Nuestro Salvador

 6. Refutación de la segunda apostasía.

La segunda apostasía consiste en La apostasía de la espiritualidad del Reino llega al punto de hacer del Verbo de Dios un Rey para ciertas cosas y no para otras, un Rey en ciertas horas y en otras no, porque es fin de las instituciones mas no de todas.

Según lo dicho por Lutero: «porque su reino no es de la tierra ni sobre lo terreno, sino que es rey de bienes espirituales como la verdad, la sabiduría, la paz, el gozo, la bienaventuranza, etc. […] De donde se deduce que su gobierno es espiritual e invisible»

Pero esto es un error, es una herejía.  Porque los títulos de Rey los posee Nuestro Señor Jesucristo en razón de su divinidad, de modo tal que el origen o el principio de su Reino y su realeza no son terrenales sino sobrenaturales, divinos en esencia. El arzobispo Marcel Lefebvre dijo en cierta ocasión que «si Nuestro Señor Jesucristo es Dios, como consecuencia es el dueño de todas las cosas, de los elementos, de los individuos, de las familias y de la sociedad. Es el Creador y el fin de todas las cosas» (12).

Santo Tomás (13), confirma el razonamiento deteniéndose en su alcance: porque el poder de Cristo es general, universal, sobre todas las criaturas (Mt. 26, 18); sin embargo, es un poder especialmente espiritual sobre los santos (en la vida presente por la gracia y en la futura por la gloria), pues los santos no son de este mundo (Jn. 18, 36). Por tanto, el reino de Cristo comienza acá abajo y se consuma en la vida futura cuando todo le sea sometido como escabel de sus pies (Sal. 109, 1).

¿Está sujeto a la historicidad humana este principio teológico? No. No se trata de un punto de vista que cambia conforme las épocas cambien; quienes así lo creen producen una ruptura en el concepto y una quiebra en la doctrina que lo enseña. Porque hay que convenir que, si Cristo es Rey espiritual únicamente, si sólo impera en el interior del hombre, en su alma, ninguna cosa exterior a ésta, sea la familia, la sociedad, el Estado o la Iglesia, tienen razón de ser en orden a la salvación: esta es la lógica protestante a la que por fuerza conduce el argumento espiritualista del reino de Cristo. Lógica protestante que conduce también a la afirmación de Su realeza «a tiempo parcial» o «segmentada socialmente».

Es esta una forma de apostasía en la que el intelectual católico cae frecuentemente, como si fuera posible dividirse en católico para las cuestiones de fe y filósofo, científico, profesional o profesor para nuestras actividades particulares. Pero no es así: primero, porque no podemos establecer fines naturales que entren en contradicción el fin del hombre que es sobrenatural, la bienaventuranza.

Segundo, porque no se puede cambiar el orden de bienes establecido por Nuestro Señor, no podemos invertirlo: debemos buscar primero el Reino de Dios y su justicia y lo demás se nos dará por añadido (Mt. 6-33). Santo Tomás de Aquino ha explicado en referencia a I Co. 10, 11, que en tiempo de gracia no hay promesas temporales, como las hubo en tiempos de la Ley, ni hay alianza en el nuevo tiempo que contenga tales promesas (Is. 1, 19) (14).

Tercero, porque, bien lo sabemos, no se puede servir a dos señores (Mt. 6, 24), y sostener que Jesús es Rey en algunos casos o momentos y en otros no, es lo mismo que volverse siervos de ese «no».

Por lo tanto, debemos servir con nuestra inteligencia y todo nuestro ser al Reinado de Cristo, porque en este campo no hay neutralidad dado que la Verdad no es neutra (15).

Recordemos que el tibio será vomitado de la boca de Dios (Ap. 3, 16). En las fiestas de la Virgen María la Iglesia pone en boca de Nuestra Señora las palabras de la Sabiduría: «Los que me den a conocer conseguirán la vida eterna» (Ecli. 24, 31). Por eso Nuestro Señor puede sentenciar que «a quien me niegue delante de los hombres, Yo también lo negaré delante de mi Padre celestial» (Mt. 10, 33).

7. Tercera apostasía: ¿en verdad es Rey?

Podríamos llamarla «la apostasía de la inactualidad».

He contado en otras oportunidades esta anécdota, pero vale repetirla para ponernos en materia. Escuché una vez decir a un sacerdote jesuita, viejo ya, en el sermón de la Fiesta de Cristo Rey, que era una celebración que pertenecía a la época en que la Iglesia era monárquica, con lo cual la desautorizaba.

Le faltó decir que, siendo la Iglesia hoy democrática, Cristo sería un ciudadano más, con derecho a voto, con opciones de ser presidente, si se quiere, pero no rey. ¡El neto presentismo sanciona la inactualidad! Lo extraño de esto es que si se profundiza en la democratización del Reino se puede llevar la herejía a términos

verdaderamente absurdos (más heréticos todavía), haciendo de la democracia el quid de la cuestión y desplazando la monarquía de derecho divino, que a Cristo corresponde, por una utopía cósmica semejante a la del gran arquitecto masónico que nos encomienda construir una mansión humanitaria.

Así, un sacerdote ha podido afirmar: «Pablo Suess viene proponiendo la expresión “democracia participativa del RD [Reino de Dios]” para corregir la evocación que el término clásico conlleva. Ya sabemos que no se puede simplemente sustituir una expresión por otra, pero es evidente que es bueno aludir con frecuencia a esa insuficiencia de la expresión clásica, para hacer caer en la cuenta a los oyentes, y para liberar al contenido (el reino mismo, el significado), de las limitaciones del significante (la palabra no completamente adecuada). Para hablar del Reino puede ser mejor hablar del Proyecto, de la Utopía de Dios... que hacemos nuestra: queremos “construir la Democracia de Dios, cósmica, pluralista e inclusiva, y por eso, amorosa, encarnación viva del Dios de los mil rostros, colores, géneros, culturas, etnias, sentidos”» (16). Sin palabras.

8. Refutación de la tercera apostasía

Todo católico sabe o debería saber que Cristo es Rey de la creación como se afirma en el Antiguo Testamento y en el Nuevo. Por eso decía el Cardenal Pie que «no hay ni un profeta, ni un evangelista, ni uno de los apóstoles que no le asegure su cualidad y sus atributos de rey» (17). Y el P. Castellani lo ha resumido así: «Cristo es Rey, por tres títulos, cada uno de ellos de sobra suficiente para conferirle un verdadero poder sobre los hombres. Es Rey por título de nacimiento, por ser el Hijo Verdadero de Dios Omnipotente, Creador de todas las cosas; es Rey por título de mérito, por ser el Hombre más excelente que ha existido ni existirá; y es Rey por título de conquista, por haber salvado con su doctrina y su sangre a la Humanidad de la esclavitud del pecado y del infierno» (18).

El título hace a la persona, en este caso al Verbo divino que es Rey y no ciudadano, guste o no. Pero hay más: no es Nuestro Señor Jesucristo un rey facultativo en el sentido que dependa Su reinar de nuestra voluntad; su realeza no depende de consensos ni de pactos humanos. San Pablo lo dice categóricamente: oportet illum regnare (I Co., 15, 25).

Cristo debe reinar porque Él ya es rey; no es una posibilidad, es una necesidad que engendra una obligación de parte nuestra. No es un Rey en potencia, lo es acto en su misma esencia divina; y nosotros debemos hacerlo reinar en todo aquello de nosotros depende.

9. Sentido práctico de la realeza de Cristo

El sentido de la realeza de Cristo es también práctico, consiste en la adopción de un principio directivo, montado sobre las bases perennes de todo recto orden político cristiano, que por cristiano está coronado en y por Cristo Rey; principio rector que no congela los medios e instrumentos –así, por caso, los sistemas o regímenes políticos–, sino que se abre a la consideración de las situaciones particulares conforme a la prudencia. Es un aquí y ahora que se toma como punto de partida y que será punto de llegada por obra de nuestra colaboración.

Me parece que el Reinado Social de Nuestro Señor Jesucristo se expresa fundamentalmente de dos maneras o dimensiones que acaban sintetizándose en una tercera. Primero, es el «reinado discreto de Nuestro Señor», que predicara, entre otros, Garrigou-Lagrange (19), que es el reinado en el corazón humano y que, por tal medio, permea sutilmente toda la sociedad; es el imperio de la fe en Cristo que se proyecta en nuestra conducta y nos lleva a «convertir la sociedad», a transformarla al modo de Cristo.

Segundo, es el «reinado expreso de Nuestro Señor», que es el imperio manifiesto a través de las leyes de la sociedad, que de tal modo llegan al corazón del hombre. Es la instauración de una sociedad cristiana, ese orden natural querido por Dios.

La afirmación de la Realeza Social, temporal, política, de Nuestro Señor, resulta de la afirmación católica tradicional de los fines del hombre o, mejor dicho, de la ordenación de los fines temporales al fin sobrenatural y último. Es la doctrina de Santo Tomás: la vida en la tierra es preparación para la vida eterna, de modo que el orden temporal ha de servir al fin último y supremo del hombre. Luego, como insiste el P. Phillippe, «todas las instituciones divinas o humanas tienen como fin último la gloria de Dios y la salvación de las almas. Así todas las instituciones sociales, todas las acciones y directivas políticas deben tener cuenta de esta verdad fundamental, de que el hombre no ha sido hecho para este mundo, sino para la Eternidad». No resulta infundado, entonces, que el orden concreto de las sociedades, en sus dimensiones políticas, jurídicas, morales, económicas, culturales, etc., deba considerar «primeramente y antes de cualquier otra cosa, el fin último de toda existencia humana»; y, si así lo hace, afirmará la realeza de Jesucristo (20). Volveré en la parte final sobre este punto porque es de gran actualidad.

Estas dos formas, que se compenetran auxiliándose mutuamente al mismo orden y fin, confluyen en una tercera: el «culto público a Nuestro Señor, Rey de los corazones y de las sociedades».

Hay que recordar con Pío XI que el Reinado social de Nuestro Señor Jesucristo no se impone por sí, antes, al contrario, requiere que los hombres reconozcan, pública y privadamente, «la regia potestad de Cristo» (21). Porque Cristo reina en la sociedad a través de los hombres, lo que exige, como afirma el P. Phillippe, que «toda política debe estar sumisa a Dios», es decir, «debe reconocerse en lo que expresa una realidad dependiente de Dios», especialmente en atención al fin último del hombre y de toda la Creación (22).

Se ven así las razones para negar un Reino puramente intimista y espiritual, una realeza «moral» que escapa a la sociedad, e incluso –como venimos exponiendo– una realeza que no es tal por devenir principio democrático pluralista.

La realeza del Verbo Encarnado es espiritual y social, y por serlo es también pública en el sentido señalado por Pío XI: exige y reclama el reconocimiento público por los gobernantes a través del culto que a Él le es debido.

Citas.

(14) SANTO TOMÁS DE AQUINO, Expositio super Primam Epistolam S. Pauli Apostoli ad Corinthios, versión bilingüe en lengua francesa: Commentaires sur la Première Épitre de S. Paul aux Corinthiens, t. II, París, Luis Vivès, 1870, c. X, lect. 2, págs. 347-348. En igual sentido se pronuncia San AGUSTÍN en su comentario al versículo 2 del Salmo 73: Enarraciones sobre los Salmos (2.º), Madrid, BAC, 1955 (tomo XX de las Obras de San Agustín), pág. 931.

(15) Véase el estupendo librito de Étienne GILSON, Le philosophe et la théologie (1960), París, Vrin, 2005 (hay edición española), especialmente los cap. IV y V.

(16) Sobre el sacerdote Pablo Suess, véase http://paulosuess. blogspot. com.ar. La cita está tomada del P. Felipe SANTOS CAMPAÑA, en http://www.autorescatolicos.org/felipesantosmeditaciondiaria0385.htm

(17) P. Théotime DE SAINT-JUST, La royauté sociale de N. S. Jésus-Christ d’après le Cardinal Pie, 2ª ed., París, Société et Librairie S. François d’Assise-Librairie G. Beauchesne, 1925, pág. 31.

(18) Leonardo CASTELLANI, «Cristo Rey», loc. cit., pág. 164.

(19) Reginald GARRIGOU-LAGRANGE, O. P., «La Royauté universelle de Notre-Seigneur Jésus-Christ», La Vie Spirituelle (París), núm. 73 (1925), págs. 5-21.

(20) P. A. PHILLIPPE, Catecismo de la Realeza Social de Jesucristo, 1926, pregunta 15; en http://ar.geocities.com/doctrina_catolica/catecismos/

catecismo_realeza.html

(21) Quas primas, núm. 17.

(22) Catecismo de la Realeza Social de Jesucristo, pregunta 15.

 

 

jueves, 17 de febrero de 2022

Santifiquémonos en la verdad. LEALTAD Y FIDELIDAD

 

                                                                            EL HIJO PRODIGO


PARA acabar de tratar el tema que nos propusimos, — cómo la verdadera santidad debe basarse sobre la probidad natural, — réstanos tan sólo decir, una palabra sobre la lealtad y la fidelidad. Ser leales y fieles es también una ma­nera, y quizá la más importante, de ha­cer la verdad.

Como vimos en los artículos anteriores, (1) la veracidad nos hace decir la verdad; la rectitud, hacer la verdad en nuestra conducta general. La lealtad nos hace también hacer la verdad, pero no precisamente en nuestra conducta ge­neral, como la rectitud, sino en el campo especial de los compromisos que ligan a los hombres entre sí, ya sean compromisos propiamente dichos, que obligan por justicia, como contratos, deudas, etc.; ya sean simples promesas que sólo obli­gan por fidelidad; ya en materia de afectos, especial­mente tratándose de amistad.

La fidelidad agrega a la idea de lealtad la persistencia, es decir, la fidelidad es una lealtad no transitoria u ocasional sino permanente, habitual, definitiva.

No nos detendremos a ponderar qué necesaria es la fidelidad en cumplir nuestros compromisos forma­les, en respetar nuestra palabra de honor empeñada, en pagar las deudas, salarios, etc., a su debido tiem­po. Todo esto es demasiado claro y así lo piden de consuno los deberes sociales y la misma dignidad personal.

Pero queremos fijarnos en un punto especial que, por más descuidado, merece que sobre él hagamos algunas reflexiones: es la puntualidad o exactitud.

La puntualidad es la cortesía de los reyes, ha dicho alguien. Y la impuntualidad, — no la ocasional e in voluntaria, sino la voluntaria y habitual, — es la falta de urbanidad que más revela el desorden o la fatuidad.

La causa de la impuntualidad es múltiple:

Unos son impuntuales como por naturaleza. De ellos se ha dicho con gracia que vinieron al mundo con una hora de retraso, y toda su vida andan corriendo para atrapar esa hora, sin conseguirlo jamás.

Otros lo son por despreocupación, descuido, desfachatez; piensan con cierto cinismo que no vale la pena apresurarse para llegar a tiempo a una cita, puesto que los que se apresuran y son puntuales se ven obligados a esperar a los que llegan retrasados…

Otros lo son por falta de espíritu de orden. La impuntualidad no es otra cosa que el desorden en el tiempo, causado por el desorden general en el que viven. De manera que una persona impuntual es ordinariamente desordenada en la disposición general de su vida, y la experiencia lo demuestra de sobra.

Darnos el lujo de hacernos esperar sin motivo justo y aun cuando no se trate de superiores, es una falta de consideración a los demás muy bochornosa.

Tiene también cierta razón de injusticia, porque es un robo, y un robo de esa cosa tan preciosa como es el tiempo. El impuntual hace perder el tiempo a los que son exactos, y perder el tiempo es perder la vida.

Por el contrario, un hombre puntual. Que tiene una hora para cada ocupación y una ocupación para cada hora, es el hace dar mayor rendimiento a su vida, el que tiene tiempo para todo, el que lo utiliza mejor que nadie.

Tal es entre otras muchas una de las ventajas de la vida religiosa, que no puede concebirse sin la puntualidad, la exactitud, la regularidad.

Así pues, si queremos respetar a los demás, y sobre todo, si no queremos perder el tiempo miserablemente, pongamos orden en nuestra vida, empezando por ordenar nuestro tiempo por medio de la puntualidad y la exactitud.

Pero quien habla de fidelidad no puede dejar de pensar en el amor, en la amistad.

Después de la sinceridad, es lo que mas buscamos en el amor, ¿Me amas de veras? - es la primera pregunta que hace un corazón que ama- ¿Me amaras siempre? - es la pregunta que viene necesariamente en seguida.

Porque el amor es la vida; y así como no es vida verdadera la que se acaba: la verdadera vida ha de ser inmortal; así no es el amor de buena ley el que se muere; el amor debe ser fiel si no quiere ser ironía y mentira.

¿Qué vale el amor si solo a de ser un acto pasajero, como relámpago en la noche oscura? Por eso nada buscamos tanto en el amor como la fidelidad. En la amistad, sobre todo.

Todo corazón que se levanta sobre la triste vulgaridad; todo corazón noble, todo corazón que vibra, siente la necesidad de encontrar otro corazón que lo comprenda y pueda desahogarse la plenitud que lo desborda- dolores y alegrías, tristezas y esperanzas, ilusiones y desengaños: tiene la necesidad de un corazón amigo.

Peo ¿Qué es un amigo desleal, un amigo que traiciona? ¿Qué vale un amigo infiel? Ninguna ingratitud desgarra mas hondamente que la traición. Y traición es toda infidelidad en un amigo.

Las amistades sinceras son raras. Pero entre las amistades, rarísimas son las fieles. Diré más; el pobre corazón humano es tan débil, tan limitado, que tarde o temprano se cansa… abandonado a sus propias fuerzas no sabe ser fiel con esa fidelidad que va más allá del sepulcro.

Esa fidelidad es flor del cristianismo y fruto de la gracia y fruto de la gracia y de la virtud. El amor de Cristo, lejos de destruir los afectos legítimos naturales, los enaltece, los purifica y les infunde esa estabilidad, esa fidelidad que ignora la flaqueza humana.

¿Quién haya vivido bastantes años no ha experimentado esta amarga verdad? Amigos de nuestra infancia, amigos de nuestra juventud, cuando el corazón virgen de todo desengaño, se abría espontáneamente al amor, ¿Dónde estáis? Amigos de los días prósperos, cuando llego la hora de la humillación, cuando la desgracia nos abatió, cuando los hombres nos volvieron las espaldas, amigos de los mejores días, ¿Dónde estáis? 

El corazón del gran Lacordaire, modelo preclaro de la amistad cristiana y de su panegirista más excelso, experimento en los últimos días de su vida este punzante desengaño.

En el gran parque de Sorenze, viendo quizá caer las hojas secas de los árboles en la tristeza esplendida del otoño, escribía melancólicamente: “La amistad es para mí un árbol envejecido del cual no quedan sino algunas hojas de otoño. ¿Hasta esas veré caer algún día…?

Muy conocido es el caso del celebre P. Didon, más grande en el destierro y en la prueba que en los triunfos de sus conferencias en la Trinidad de Paris.

Acusado y perseguido por los buenos, la mas dura de las persecuciones, fue retirado por sus superiores de todo ministerio y recluido en el convento solitario de Corbara, en la isla de Córcega. Los amigos que lo habían animado y sostenido en las horas de prosperidad lo dejaron hundirse en el descredito sin que se levantara su voz para defenderlo o justificarlo. Sufriendo este rudo golpe, escribía desde su destierro esta pagina magnifica donde palpita la nobleza de su alma y la amargura de su dolor: “Dios me ha hecho la gracia de no guardar en mi alma, en estos días de destierro, el menor resentimiento”.

Es preciso no pedir a los hombres mas de lo que no pueden dar. Diré más: es necesario no esperar nada y darlo todo.

Cuando son buenos y abnegados, se les bendice; cuando son hostiles e indiferentes, se les bendice también… Cristo nos ha enseñado esas grandes virtudes: no tenemos mas que seguir sus huellas.

Un amigo… un amigo… ¿sabes lo que es? Es un ser que no duda jamás de ti, porque la más grande injuria que puede hacerse a un hombre, es dudar de él.

Un amigo es un ser que no te exige nada y que esta dispuesto a darlo todo.

Un amigo es un terranova que se arroja al agua para salvarte.

Un amigo es un perro fiel que salta al cuello de los que te atacan.

Un amigo es un ser clarividente que tiene el valor de decirte: ¡Obraste mal!

Un amigo es un corazón magnánimo que olvida y perdona.

Un amigo es un ser que se compromete para servirte.

Un amigo es una perla que en el fondo de los mares… ¡Amigos verdaderos! ¿Dónde estáis?... ¡Yo, yo conozco uno! Y podría decir, y lo digo, ¡Ese amigo me basta! ¡Oh Cristo amado! ¡Tú, tú no traicionas! ¡Tú eres severo y dulce; Tú eres bueno a lo infinito; Tú corriges y salvas, Tú, tú no eres, Tú no guardas resentimientos; Tú eres mas grande que nosotros, pobres y miserables seres de un día que soñamos en la eternidad y que… ¡no sabemos amar! ¡Creemos que nuestras pasiones terrestres son amor, y que nuestro amor egoísta es el amor sin fondo ni riberas que solo podemos encontrar en Ti!”

Ya antes lo había dicho magistralmente la Imitación de Cristo:

“Sin amigo no puedes vivir mucho: y si no fuere Jesús tu especialísimo amigo, estarás muy triste y desconsolado. Pues locamente lo haces si en otro alguno confías y te alegras…”

Solo a Jesús se debe amar singularísimamente, porque solo Él es fidelísimo sobre todos los amigos… Nunca ambiciones ser amado singularmente de nadie… porque tal amor solo a Dios es debido, que no tiene igual”.

No debemos, sin embargo, llegar al pesimismo de no creer en manera alguna en la amistad humana. Sobrenaturalizada por la gracia puede llegar a tener una estabilidad que, si no es comparable con la del Corazón de Cristo, participa sin embargo de ella.

El mismo Lacordare decía: “Me sería tan difícil ser incrédulo en amistad, como serlo en religión, y creo en la adhesión de los hombres como en la bondad de Dios. El hombre engaña y Dios no engaña jamás, y en esto se diferencian; pero el hombre no engaña siempre y en eso se asemeja a Dios. Criatura débil y falible, su amistad tanto mas vale cuanto la lleva en un vaso frágil y quebradizo. Ama sinceramente en espíritu sujeto al egoísmo, ama castamente en una carne corrompida, ama eternamente en un día que declina y muere…” ¡Que gran verdad Dios mío!

Tengamos caridad para con todos, pero reservemos nuestra amistad para muy pocos escogidos. Mas con esos pocos seamos a toda costa fieles y leales. Tratemos mas bien de dar que de recibir, que en ello hay una dicha más íntima y noble, según la palabra de los Libros Santos: “Beatius es magis dar quam accipere”, seamos indulgentes para disculpar, prontos para olvidar las ofensas, generosos para perdonar siempre.

Y así a pesar de todo, esos efectos santos que tanto endulzan el destierro vienen a morir, que no sea por culpa nuestra, que nos quede el consuelo de haber sido por nuestra parte fieles hasta el fin, y que sobre las ruinas de esas amistades que fueron, florezca todavía la siempre viva de nuestra fidelidad y de nuestro recuerdo…

Pero es imposible hablar de fidelidad sin pensar en nuestro buen Dios que con tan notable insistencia se llama en los Libros Santos: “FIDELIS DEUS” porque sus dones son si arrepentimiento, porque sus promesas son infalibles, porque su misericordia y su amor son eternos.

¿Quien es fiel como Dios?... ¿Quién es el hombre que, en la tortura de los remordimientos, en la amargura desesperante de la caída, en el desamparo de las criaturas, si se vuelve a Dios, no ha saboreado la dulzura inenarrable de la fidelidad de su amor? ¿Cuándo lo hemos buscado sin encontrar luego sus brazos abiertos, olvidando todas nuestras traiciones? ¿Cuándo hemos ido a llorar en su regazo sin que su mano enjugue nuestras lágrimas? ¿Cuándo, si después de caídos y manchados hemos vuelto a Él arrepentidos, no hemos encontrado luego a su amor que nos sale al encuentro, envolviendo nuestra indigencia con el manto regio de su perdón y de su misericordia? ¿Quién es fiel como Dios?...

Fuente Padre J. G. Treviño.

Adaptación. Padre Arturo Vargas Meza.  

 

 

 

miércoles, 16 de febrero de 2022

PARTICIPEI DE TRÊS GUERRAS: A DE 1914, A DE 1939 E A DE 1960 O SEGUNDO CONSELHO DO VATICANO. Mons. MARCEL LEFEVRE. (CONTINUAÇÃO)



 NA LINHA DE FRENTE (CONTINUAÇÃO)

Em 27 de março, na presença do padre Bugnini, o pobre cardeal Larraona expôs diante dos padres o plano de reforma do Ordinário da Missa.

Enquanto os Lercaros, Dopfners e outros o aprovaram com prazer, os cardeais "romanos" contra-atacaram: Godfrey analisou o texto, refutou alguns de seus sofismas e rejeitou, um após o outro, todas as supressões e modificações propostas. Ottaviani pronunciou um vigoroso non placet :

São tantas mudanças que parece uma reforma revolucionária e vai surpreender o povo cristão.

Browne afirmou o princípio:

A santificação do homem [...] é realizada na Missa pelo próprio exercício do ato de oblação ou sacrifício, o ato supremo da virtude da religião. Os Inovadores esqueceram esta verdade e enfatizaram a leitura da palavra de Deus e a celebração da refeição.

Quanto ao padre Philippe, explicou que a concelebração, à luz da doutrina proposta por Pio XII, atenuou o papel único e hierárquico do sacerdote, identificado na Missa com Cristo Sacerdote; e diminuiu o fruto principal da propiciação e impetração pelos vivos e pelos mortos, porque esse fruto "não era o mesmo em uma única missa concelebrada como em várias missas celebradas por vários sacerdotes". Dando seu voto, o Arcebispo Lefebvre disse primeiro:  Placet juxta MODUM segundo as observações dos eminentes Cardeais Godfrey, Ottaviani, Browne e Padre Philippe.

Foi um "sim" a uma reforma, a da premissa, mas um "não" a uma revolução. A comissão de reforma, disse ele mais tarde, teve que agir sob a autoridade do Papa, mas assim que as mudanças foram feitas, elas tiveram que parar por um certo tempo, porque a mudança contínua produz menos valorização da dignidade e valor do ritos litúrgicos da Igreja, tanto entre os sacerdotes como entre os fiéis.

Em 30 de março de 1962, ele se opôs às inovações na liturgia dos países de missão, propostas no esquema do Cardeal Agagianian, porque destruíam a unidade do rito e da linguagem litúrgica, ou seja, para nossos fiéis das regiões de missão, um argumento muito forte a favor da fé, diante da diversidade dos ritos protestantes, que é sinal de sua divisão.

Ele ilustrou essa verdade com dois fatos:

Quando a Congregação da Propaganda Fide nos deu a faculdade de traduzir para o vernáculo os cantos da Missa solene (Kyrie, Gloria, Credo,etc.), todos os padres, especialmente os padres do clero indígena, negaram veementemente a utilidade daquela tradução, porque tanto eles quanto seus paroquianos conheciam perfeitamente aquelas canções e sabiam que a língua latina é sinal de unidade na fé. Por ocasião do Congresso Pan-Africano de Dakar, os Presidentes dos governos civis (Senghor do Senegal, Tsirana de Madagascar, Maga do Daomé e Yameogo do Alto Volta), reunidos na catedral para a Missa solene, cantaram unanimemente e em voz alta todos os cânticos latinos, inclusive o graduado, e após a Missa expressaram expressamente sua alegria por esta unanimidade.

Que grande exemplo de unidade e fraternidade na oração e no culto diante de todos os católicos presentes! Assim, aceitando-se o princípio de que as conferências episcopais podem atuar e legislar em matéria de liturgia e ritos sacramentais, mesmo com a aprovação da Santa Sé, há um verdadeiro retorno às liturgias e ritos nacionais; todos os esforços de dois séculos para promover a unidade litúrgica desaparecem, e a arte e a música gregorianas desmoronam. [...]  «Existe um perigo de anarquia».

O apostolado dos leigos e Cristo Rei

Vamos para a sétima e última sessão preparatória. O Arcebispo defendeu vigorosamente o Reino de Cristo Rei até mesmo sobre as coisas temporais.

Em 18 de junho, sobre o apostolado dos leigos, pediu que se afirmasse sua dependência do apostolado sacerdotal, e para isso distinguiu, como São Pio X, dois graus de dependência, segundo se trata de um apostolado em sentido amplo. "pela santificação da profissão e da cidade", em que os leigos estão "sujeitos à supervisão dos Bispos", ou de um apostolado em sentido estrito, em que os leigos "dependem sem dúvida direta e imediatamente a autoridade dos Bispos e dos presbíteros nomeados pelos Bispos, porque assim trabalham na missão confiada por Cristo aos Bispos». Depois de fazer esta luminosa distinção, Monsenhor Lefebvre especificou que, no entanto, a ordem temporal não pode ser separada da ordem espiritual, porque por um lado a ordem sobrenatural engloba também a temporal e por outro os clérigos não podem ser excluídos. o cuidado e a posse das coisas temporais. Por fim, denunciou como “a ruína do verdadeiro apostolado” o falso princípio de “Primeiro restabelecer a ordem natural para que depois se torne sobrenatural”.

Nosso Senhor Jesus Cristo, disse ele, nunca ensinou esse princípio, sendo Ele mesmo a restauração da ordem natural e sobrenatural, pois Sua graça cura e eleva ao mesmo tempo.

Duplicidade do Papa João

Mas João XXIII introduziu um segundo cavalo de Tróia na batalha preparatória: a ação do jovem Léon-Joseph Suenens, arcebispo de Mechelen, que acabara de nomear membro da Comissão Preparatória Central, e que ele ia criar cardeal.

A partir de março de 1962, Suenens se queixou a João XXIII sobre o número "abusivo" de esquemas: nada menos que setenta. João XXIII, que não havia dado nenhuma orientação para os trabalhos preparatórios e que não queria confrontar Ottaviani, encarregou Suenens de limpar o terreno secretamente. O plano de Suenens era reutilizar todos os esquemas preparatórios e retrabalhá-los dentro de uma estrutura de duas partes: o que a Igreja tinha a dizer a seus filhos ad intra e o que tinha a dizer ao mundo ad extra. A segunda parte foi obviamente uma novidade revolucionária.

O projeto, pronto no final de abril, agradou ao Papa e foi comunicado em meados de maio, segundo suas ordens, a alguns cardeais influentes que João XXIII queria aderir à ideia: os cardeais Dópfner, Montini, Siri, Liénart e Lercaro. Não foi esse o início do abandono dos esquemas preparatórios? Assim, João XXIII destruiu com uma mão o que construiu com a outra: permitiu que as comissões preparatórias continuassem seu trabalho e, ao mesmo tempo, programou sua destruição por meio de outras.

O Espírito Santo se encarregaria de acertar as coisas, pensou Juan, se nos atermos ao que o bispo de Tulle disse a seus paroquianos sobre sua conversa em 7 de maio de 1962 com o Papa, sobre o trabalho da Comissão Central: 

O Santo Padre os acompanha com profundo interesse e um espírito de fé que causa grande admiração. Vê-se que o Santo Padre depositou todas as suas esperanças no Espírito Santo e não em cálculos humanos.

Isso não era tudo. A Secretaria da Unidade não ficou inativa. Solicitou aos especialistas de suas dez subcomissões que produzissem sugestões ou esboços sobre temas que também foram tratados pelas outras comissões, mas concebidos de um ponto de vista ecumênico, e três esboços especiais sobre ecumenismo, liberdade religiosa (Esse tema foi muito logo no início da lista do Secretariado, Schmidt não o menciona. O padre Jéróme Hamer, OP, relata a gênese do esquema e a elaboração de seu primeiro texto, o "documento de Freiburg", de 27 de novembro de 1960 no bispado de Freiburg: o Nesse dia, a subcomissão reuniu Suas Excelências Francjois Charriére e Émile de Smedt, Canon Bavaud e Padre Hamer. Cf. Vadean II, La liberté religieuse, Unam Sanctam, Cerf, 1967, pp. 53-57.)   e a questão dos judeus.

A Secretaria comunicou os projetos que tratam desses três primeiros temas à Comissão Teológica Ottaviani, que procurou levá-los o menos em conta. Por isso, o Cardeal Bea pediu que se constituísse uma comissão mista (como já havia feito com outras comissões preparatórias) com a Comissão Teológica. Otaviani recusou.

Para contornar essa diferença substantiva sem resolvê-la ele mesmo, João XXIII decidiu, em 1º de fevereiro de 1962 , que os dois últimos planos do Secretariado, inclusive o de liberdade religiosa, fossem comunicados diretamente à Comissão Preparatória Central sem passar por “outros comissões”.

Um confronto dramático

Assim foi que em 19 de junho, penúltimo dia da última sessão, havia dois esquemas opostos no programa da Comissão Central. O primeiro, capítulo IX do esboço "Sobre a Igreja", elaborado pela Comissão Teológica e diretamente pelo Cardeal Ottaviani, tratava de "Sobre as relações entre Igreja e Estado e tolerância religiosa"; tinha nove páginas de texto e catorze notas que se referiam, com numerosas citações, ao magistério pontifício de Pio IX a Pio XII. O outro, elaborado pelo Secretariado para a Unidade do Cardeal Bea (Mais especificamente, pela subcomissão presidida por Monsenhor Charriére, Bispo de Friburgo e composta por Monsenhor Emil de Smedt, Bispo de Bruges, o belga Jetóme Hamer, OP, o canadense A. Baum, AA, e o americano Weigel, SJ) , intitulava-se "Sobre a Liberdade Religiosa"; consistia de quinze páginas de texto e cinco de notas, sem qualquer referência ao magistério da Igreja.

Ao receber esses dois textos com antecedência, o arcebispo Lefebvre disse a si mesmo:

A primeira trata da Tradição Católica, mas qual é a finalidade da segunda? Nada menos do que introduzir o liberalismo, a Revolução Francesa e a constituição dos direitos do homem na Igreja ! Isso é impossível! Vamos ver o que acontece na sessão.

Ele não estava errado. O cardeal Ottaviani começou a exposição de seu esquema atacando abertamente o esquema oposto:

Ao expor a doutrina das relações entre o Estado Católico e as outras religiões, parece-me que se deve salientar que o Santo Sínodo [o Concílio] deve seguir a doutrina indiscutível ou própria da Igreja, e não aquela que os católicos mais gostariam dos não católicos ou eu cederia aos seus pedidos. Por isso, penso que a constituição proposta pelo Secretariado para a Unidade dos Cristãos deveria ser eliminada da discussão, pois reflete muito claramente a influência dos contatos com não-católicos.

E depois de ilustrar essa influência com alguns exemplos, apresentou o seu esquema, totalmente dominado pela preocupação de proteger a fé católica e salvaguardar o bem comum temporal, fundado na unanimidade dos cidadãos na verdadeira religião. Em seguida, distinguiu as diferentes situações dos povos: uma nação inteiramente católica, uma nação com pluralidade de religiões e um Estado não católico.

No primeiro caso, os princípios foram aplicados de forma integral em um sistema de união entre a Igreja e o Estado, com o reconhecimento e proteção civil da verdadeira religião e, se necessário, certa tolerância aos falsos cultos; no segundo modelo, a Igreja gozaria do direito comum reconhecido pelo Estado a todas as religiões que não sejam contrárias ao direito natural; na última configuração, a Igreja pediria uma simples liberdade de ação.

O cardeal Bea, por sua vez, levantou-se para apresentar sua noção de liberdade religiosa, válida para as três hipóteses anteriores e para todos os homens, mesmo para aqueles que "erram na fé". Até então, a Igreja defendia apenas os direitos de seus filhos; ele agora os reivindicaria para adeptos de todos os cultos? Era disso que se tratava, explicou o Cardeal Bea, destacando o significado ecumênico do tema:

Hoje é um assunto de grande interesse para os não-católicos, que continuamente criticam a Igreja por ser intolerante onde é maioria e exigir liberdade religiosa onde é minoria. Essa objeção prejudica muito todos os esforços para trazer não-católicos para a Igreja. Ao elaborar este esquema em virtude de sua posição, o Secretariado teve diante de seus olhos todas essas circunstâncias e se perguntou qual é o dever da Igreja em relação à liberdade religiosa e como esta deve ser exercida.

Como Ottaviani estava certo! Assim, esse esquema foi forjado para satisfazer as reivindicações dos não-católicos, e pretendia-se que sua demanda se tornasse doutrina católica. Como Ottaviani poderia ter colaborado em tal tentativa? De resto, a leitura do esquema mostrou-lhe sua filosofia completamente subjetivista, que defendia o contrário do realismo da sadia filosofia tomista.

O homem sincero — lê-se ali — quer cumprir a vontade de Deus; agora, esta vontade o percebe por meio de sua consciência; portanto, ele tem "o direito de seguir os ditames de sua consciência em assuntos religiosos"; Ora, a natureza do homem exige que ele expresse sua consciência de maneira externa e coletiva; portanto, o homem tem o direito de expressar sua religião sem ser impedido por qualquer coação, sozinho ou em grupo, a menos que isso se oponha ao direito certo de um terceiro ou da sociedade como um todo. Finalmente, esta liberdade religiosa “deve ser sancionada por um direito categórico e expressa pela igualdade civil das religiões”.

Assim, os Estados católicos foram acabados em nome de uma liberdade de consciência expressa em toda a sua crueza.

Para justificar as suas afirmações face à antiga prática contrária universal do mundo católico, ainda em vigor em vários países, o eminente Bea não hesitou em afirmar que «nas condições actuais, nenhuma nação pode propriamente dizer “católica”». , [...] e que nenhum pode ser considerado sozinho e separado dos outros", que sugeria um regime internacional comum de liberdade religiosa (Pio XII ( ci riesce endereço,6 de dezembro de 1953) havia aceitado a legitimidade de um regime de tolerância religiosa comum a uma comunidade de Estados, cujos povos eram diferenciados de acordo com o credo religioso, em prol da paz. No entanto, o direito civil que desta forma seria reconhecido para os membros de falsos cultos se basearia apenas nas exigências do bem comum e não em um direito natural de consciência. Cf. Davies, apêndice VI. Em vez disso, o Cardeal Bea promoveu um direito natural à liberdade religiosa civil.)

Além disso, acrescentou, "o Estado como tal não conhece a existência e a validade da ordem sobrenatural" (desde 1951, o jesuíta americano John C. Murray sustentava, em The American Ecclesiastical Review (maio de 1951, 327-352), que a distinção entre religiões verdadeiras e falsas não poderia entrar diretamente na esfera constitucional, foi combatida na mesma revista pelo padre Joseph C. Fenton (AER, junho de 1951, 451 sqq.) e em Roma pelo cardeal Ottaviani (discurso na Pontifício Ateneu, 3 de março de 1953, em Ottaviani, L'Eglise et la Cité, ed. poligl. Vat. 1963, p. 276).

Por fim, o pontífice reinante queria “um aggiornamento”, “isto é, a adaptação às atuais condições de vida, e não o restabelecimento do que havia sido possível, e até necessário, em outras estruturas sociológicas” E Bea concluiu:

Nossos dois relatórios [...] não concordam nos elementos fundamentais expostos nos números 3 e 8. Cabe à ilustre assembléia se pronunciar sobre o assunto.

Irritado com a relativização historicista de seu adversário do direito público da Igreja, que ele havia ensinado por vinte anos, o cardeal Ottaviani achou por bem responder com palavras que enfatizavam fortemente a oposição:

A Comissão do Secretariado para a Unidade deveria ter enviado o seu esquema (que diz respeito à doutrina e não só à sociologia, já que esta "sociologia" tem fundamento na doutrina) à Comissão Doutrinária para ver se concordava com a Comissão Doutrinária. Agora vemos que há algumas questões sobre as quais discordamos, e são questões doutrinárias!

Era assim — comentava Monsenhor Lefebvre —, os dois de pé. Nós, sentados, vimos dois Cardeais que se opunham, dois eminentes Cardeais que se enfrentavam sobre uma tese tão fundamental (Cagnon. Os melhores observadores sublinharam a gravidade dessa oposição frontal, cuja discussão ocupa 54 páginas fólio da Acta : longas declarações de posição dos Cardeais e, em seguida, os votos de todos os membros (cf. Schmidt, 469).

Os cardeais que falaram em seguida foram divididos entre os dois campos.

Frings considerou que «a Igreja já não precisava do braço secular para proteger a fé católica contra a propagação de erros religiosos; o Estado —acrescentou— não pode impedir a difusão de uma religião diferente se não estiver em jogo o bem comum temporário».

Léger pensou que poderia explicar sabiamente, inspirado pelo padre Murray, que «só as pessoas podem professar uma religião, não o Estado, porque é uma função; [...] o Estado não tem competência para determinar qual é a verdadeira religião”.

Ao contrário, Ottaviani, um realista, previu que "a liberdade religiosa deu aos protestantes armas para conquistar a América Latina".

Ruffini declarou: “A própria liberdade nos é dada para a verdade e a virtude, não para o erro e o vício; mas na prática, por caridade, é necessária a tolerância; e em relação ao Estado [...] e o que o eminente Cardeal Bea afirmou, ou seja, que o Estado como tal não pode e não deve conhecer e reconhecer a religião, considero completamente falso».

Larraona acreditava que era "ingênuo" acreditar que não-católicos pudessem ser atraídos concedendo-lhes a mesma liberdade que nós.

Finalmente, Browne disse: "Parece-me infantil supor que a doutrina exposta por Leão XIII em sua encíclica Immortale Dei seja uma doutrina contingente".

O Cardeal Ruffini pediu "que o assunto seja resolvido consultando nosso Santo Padre, o Papa". No entanto, foi passado à votação, e desta forma Monsenhor Lefebvre pôde se expressar:

Da liberdade religiosa: non placet [...] porque se baseia em falsos princípios solenemente reprovados pelos Sumos Pontífices, por exemplo, Pio IX, que chama este erro de "delírio" (Dz 1690). Da Igreja, capítulos IX-X: placet. Mas a apresentação dos princípios fundamentais poderia ser feita mais em relação a Cristo Rei, como na encíclica Quas prima. [...] Nosso Conselho teria como objetivo pregar Cristo a todos os homens e afirmar que só a Igreja Católica pertence a pregar autenticamente Cristo: Cristo, salvação e vida das pessoas, famílias, associações profissionais e de outras sociedades civis.

O esquema de liberdade religiosa não prega a Cristo e, portanto, parece falso. O esquema da Comissão Teológica expõe a doutrina autêntica à maneira de uma tese, e não mostra suficientemente o fim dessa doutrina, que não é outro senão o Reino de Cristo. [...] Do ponto de vista de Cristo, fonte de salvação e de vida, todas as verdades fundamentais poderiam ser expostas de forma "pastoral", como dizem, e assim também os erros do secularismo, do naturalismo , materialismo, etc.