utfidelesinveniatur

martes, 28 de diciembre de 2021

A IGREJA SOFREDORA E SUBLIME. MONS. MARCEL LEFEBVRE.

 

Meus amados irmãos, meus queridos amigos:

Aqui estamos mais uma vez reunidos em Ecône, para participar desta comovente cerimônia de ordenação sacerdotal. Com efeito, se há uma cerimónia que nos faz viver os momentos mais sublimes da Igreja, é a ordenação sacerdotal. Em particular, ela nos lembra a Última Ceia, durante a qual Nosso Senhor Jesus Cristo fez seus apóstolos sacerdotes. Também nos lembra da vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos no dia de Pentecostes. Desta forma, a Igreja continua e o Espírito Santo continua a se expandir pela mão do sucessor dos apóstolos. Hoje estamos felizes por poder conferir a ordenação sacerdotal a treze novos sacerdotes.

Não deveria ter havido ordenações sacerdotais este ano, pois, como os estudos se estenderam de cinco para seis anos, as consequências dessa mudança gravitaram para 1982. Mas circunstâncias particulares, ocasiões especiais, nos levaram a ordenar sete diáconos da igreja hoje. Fraternidade e seis outras que fazem parte de várias congregações irmãs, que sustentam a mesma luta, com as mesmas convicções e idêntico amor à Igreja. Anteontem conferi a ordenação sacerdotal a dois membros do distrito alemão da Fraternidade, elevando o número de padres este ano para quinze.

Esperançosamente, pela graça de Deus e com o passar dos anos, esse número aumente, pois nossos seminários, especialmente os da Alemanha e dos Estados Unidos, vão agora dar os frutos do trabalho realizado nos anos anteriores.

A primeira ordenação em Ridgefield (Estados Unidos) acontecerá no próximo ano com três novos padres. A mesma coisa já aconteceu, o seminário Zaitzkofen na Alemanha.

Devemos orar para que Deus abençoe esses seminários e que aqueles que estão se preparando para o sacerdócio recebam em abundância as graças de que precisam.

Caros amigos, vós que daqui a pouco sereis ordenados sacerdotes, hoje mais do que nunca entendais, estais seguros que esta ordenação os colocará no centro da obra da Redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo. Com o seu sacrifício feito na Cruz, Nosso Senhor, de certa forma, prometeu fazer sacerdotes, para fazer aqueles que ele escolheu para continuar o seu sacrifício, uma fonte de graças, de Redenção, participarem do seu sacerdócio eterno, porque é o grande obra de Deus. Deus criou tudo para a redenção. É sua grande obra de caridade.

Deus é caridade. Tudo o que vem de Deus é caridade. Queria nos divinizar, comunicar-nos aquela imensa caridade na qual Ele arde desde a eternidade. Ele quis comunicá-lo e o fez através de uma manifestação extraordinária, pela sua Cruz, pela morte de um Deus, pelo seu Sangue derramado. Ele queria que os homens escolhidos por Ele continuassem aquele Sacrifício a fim de infundir as almas com a Sua vida divina, para curá-las de seus defeitos, seus pecados, para comunicar a Sua própria Vida, para que um dia essa vida nos glorifique e para que possamos seja glorificado com Deus na eternidade. Essa é a obra de Deus.

Para isso, Ele criou tudo; Todo aquele mundo que vemos, Ele o fez pela Cruz, Ele o fez pela redenção das almas. Ele fez isso para o Santo Sacrifício da Missa. Ele fez isso pelos padres. Ele fez isso para que as almas pudessem se unir a Ele, particularmente como uma Vítima na Sagrada Eucaristia. É comunicado a nós como Vítima, para que também nós ofereçamos a nossa vida com a sua e para que participemos não só da nossa Redenção, mas também da Redenção das almas.

Esse plano de Deus, esse pensamento de Deus que criou o mundo, é uma coisa extraordinária. Estamos surpresos com este grande mistério que Deus fez nesta terra. E precisamente porque o Sacrifício de Nosso Senhor se encontra no coração da Igreja, no coração da nossa salvação, no centro das nossas almas, tudo o que se refere ao Santo Sacrifício da Missa nos toca profundamente, toca a cada um de nós. um de nós pessoalmente, porque devemos receber o Sangue de Jesus através do Baptismo e de todos os sacramentos, em particular através do sacramento da Eucaristia, para salvar as nossas almas. É por isso que sentimos tanta adesão ao Santo Sacrifício da Missa, e mais ainda a partir do momento em que ele quer tocá-lo para torná-lo, supostamente, mais aceitável para quem não tem a nossa fé, para quem não tem tem a fé católica. Todas aquelas mudanças introduzidas nos últimos anos no que há de mais precioso na Santa Igreja, na liturgia, foram feitas para nos aproximar de nossos irmãos separados, isto é, daqueles que não têm nossa fé.

Então nossos corações e mentes foram abalados, e nossa fé foi abalada. Nos perguntamos: é possível que esta realidade, a maior, a mais mística, a mais bela, a mais divina de nossa Igreja, a Santa Igreja Católica Romana, possa ser reduzida? Diminuí-lo de forma que fique à disposição dos hereges? Não o conseguimos compreender e, entusiasmados, perguntamo-nos como, realmente, alguns clérigos com ideias estranhas à Igreja, sem verdadeiras inspirações do Espírito Santo, movidos não pelo Espírito da Verdade mas pelo espírito do erro, foram capazes de ascender ao cume mais alto da Igreja e decretar reformas que a destruiriam. Mistério insondável! Como isso poderia ser? Como Deus poderia permitir isso? Como poderia Nosso Senhor, que havia feito todas aquelas promessas a Pedro e seus sucessores, permitir isso, como poderíamos vir a ver essa realidade em nosso tempo? Bem-aventurados os fiéis que viveram antes de nós e que não tiveram que pensar e resolver estes problemas!

Em suma, gostaria de tentar trazer à sua mente um pouco de luz sobre o que eu acredito que deve ser nossa conduta em meio a esses eventos tão dolorosos que a Igreja está passando. Parece-me que esta paixão que hoje sofre a Santa Igreja pode ser comparada à Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Você sabe como os próprios apóstolos se sentiram estupefatos antes que Nosso Senhor ligasse, depois de receber o beijo da traição de Judas. Levam-no, disfarçam-no com um manto escarlate, zombam dele, batem nele, carregam-no com a cruz e os apóstolos fogem, escandalizados. Não é possível! Que aquele a quem Pedro proclamou: Tu és o Cristo, o Filho de Deus, fica reduzido a essa pobreza, a essa humilhação, a essa afronta, isso não é possível! E os apóstolos fogem.

Só a Virgem Maria com São João e algumas mulheres rodeiam Nosso Senhor e preservam a fé; eles não querem abandonar você. Eles sabem que Nosso Senhor é verdadeiramente Deus, mas também sabem que Ele é homem. É precisamente esta união da divindade com a humanidade de Nosso Senhor que colocou problemas extraordinários. Porque Nosso Senhor não queria apenas ser um homem: ele queria ser um homem como

nós, com todas as consequências do pecado, mas sem pecado, isentos de pecado. No entanto, ele queria sofrer todas as consequências do pecado: dor, cansaço, sofrimento, fome, sede, morte. Até a morte, sim, Nosso Senhor fez aquela coisa extraordinária que escandalizou os apóstolos, antes de escandalizar muitos e outros que se separaram de Nosso Senhor por não crerem na Sua Divindade.

Ao longo da história da Igreja encontram-se almas que, espantadas com a fraqueza de Nosso Senhor, não crêem que Ele seja Deus. É o caso do Arrio. Ário disse a si mesmo: “Não, não é possível, este homem não pode ser Deus, visto que disse que era menor do que o Pai, que o Pai era maior do que ele; portanto, Ele é menos do que Seu Pai. Portanto, não é Deus. E então ele disse aquelas palavras surpreendentes: "Minha alma está triste de morte." Como, Aquele que teve a visão beatífica, que viu Deus em sua alma humana e que, portanto, era muito mais glorioso do que fraco, muito mais eterno que temporal - sua alma já estava na eternidade, abençoada - poderia sofrer e dizer: “Meu alma está triste de morte ", e então pronunciam nos lábios de Nosso Senhor aquelas palavras nunca ouvidas que jamais poderíamos ter imaginado:" Senhor, Senhor, por que me abandonaste? " É quando o escândalo, infelizmente, se espalha entre as almas fracas e Ário faz com que quase toda a Igreja diga: não, essa pessoa não é Deus.

Por outro lado, outros reagiram e disseram: talvez tudo o que Nosso Senhor sofreu, o sangue, as feridas, a Cruz, tudo isso é pura imaginação. Eles são realmente fenômenos externos que aconteceram? mas não eram reais, algo parecido com o do arcanjo Rafael quando acompanhava Tobias e depois lhe disse: Você acreditou que eu comia quando comia, mas não, eu me alimentava de alimento espiritual. O arcanjo Rafael não tinha corpo como o de Nosso Senhor Jesus Cristo; Ele não foi concebido no seio de uma mãe terrestre como Nosso Senhor o foi no seio da Virgem Maria. Diziam que Nosso Senhor era um fenômeno assim, e que parecia que comia e não comia, que parecia sofrer e não sofria. Esses foram os que negaram a natureza humana de Nosso Senhor Jesus Cristo, os Monofisitas, os Monotelitas, que negaram a natureza humana e a vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo: tudo era divino Nele, e tudo o que havia acontecido era apenas aparência.

Veja as consequências de quem se escandaliza com a realidade, com a Verdade. Eu faria uma comparação aqui com a Igreja de hoje. Temos ficado escandalizados, sim verdadeiramente escandalizados, com a situação da Igreja. Achávamos que a Igreja era realmente divina, que nunca poderia estar errada e que nunca poderia nos enganar.

E realmente é. A Igreja é divina; a Igreja não pode perder a verdade; a Igreja sempre guardará a Verdade eterna. Mas ela também é humana, e muito mais humana do que Nosso Senhor Jesus Cristo: Nosso Senhor não podia pecar, ele era o Santo, o Justo por excelência.

A Igreja, se é divina e verdadeiramente divina, nos dá todas as coisas de Deus —particularmente a Sagrada Eucaristia—, coisas eternas que nunca podem mudar, que farão a glória de nossas almas no céu. Sim, a Igreja é divina, mas também é humana. É apoiado por homens que podem ser pecadores, que são pecadores e que, embora participem de certa forma na divindade da Igreja, em certa medida - como o Papa, por exemplo, por causa de sua infalibilidade, por causa da carisma da infalibilidade da divindade da Igreja, embora sendo um homem - eles ainda são pecadores. O Papa, exceto no caso em que usa seu carisma de infalibilidade, pode cometer erros, pode pecar.

Não devemos ficar escandalizados e dizer, como alguns fazem, no estilo ariusiano, que, então, ele não é Papa. Assim disse Ário: "Não é Deus, não é verdade, Nosso Senhor não pode ser Deus."

Nós também somos tentados a dizer: “Ele não é Papa, não pode ser Papa se faz o que faz”. (isso é puro arianismo)

Ou se não, ao invés, como outros que iriam deificar a Igreja a ponto de tudo ser perfeito na Igreja, poderíamos dizer: “Não se trata de fazermos algo que se oponha ao que vem de Roma, porque tudo é divino .em Roma e devemos aceitar tudo o que vem de lá ”. (Monofisismo e monotelialismo) Quem o diz faz como quem dizia que Nosso Senhor era de tal maneira Deus que não lhe era possível sofrer, que tudo o que era apenas aparências de sofrimento, que na realidade ele não sofreu, que na realidade Seu Sangue não fluía, que eram apenas aparências que afetavam os olhos de quem estava ao Seu redor, mas não uma realidade. O mesmo é verdade hoje com alguns que continuam a dizer: “Não, nada pode ser humano na Igreja, nada pode ser imperfeito na Igreja”. Esses também estão errados. Eles não admitem a realidade das coisas. Até onde pode ir a imperfeição da Igreja, até onde pode - eu diria - alcançar o pecado na Igreja, o pecado na inteligência, o pecado na alma, o pecado no coração e na vontade? Os fatos nos mostram.

Há instantes dizia-te que nunca teríamos ousado colocar nos lábios de Nosso Senhor as palavras: "Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?" E bem, nunca teríamos pensado que o mal, esse erro, pudesse penetrar no seio da Igreja. Agora vivemos essa época: não podemos fechar os olhos. Os fatos aparecem diante de nossos olhos e não dependem de nós. Somos testemunhas do que acontece na Igreja, de tudo de horrível que aconteceu desde o Concílio, das ruínas que se acumulam dia após dia, ano após ano na Santa Igreja. Com o passar do tempo, os erros se espalham mais e os fiéis perdem a fé católica. Uma pesquisa recente na França indicou que não mais do que dois milhões de franceses ainda são verdadeiramente católicos na prática.

Estamos chegando ao fim. O mundo inteiro cairá na heresia. Todos cairão no erro porque, como dizia São Pio X, há clérigos que se infiltraram no interior da Igreja e a ocuparam. Eles espalharam os erros graças às posições-chave que ocupam na Igreja.

Agora, somos obrigados a seguir o erro porque ele vem a nós por meio de autoridade? Assim como não devemos obedecer a pais indignos que exigem que façamos coisas indignas, também não devemos obedecer àqueles que exigem que neguemos nossa fé e abandonemos toda tradição. Não há nada para fazer. Certamente, essa união da divindade com a humanidade é um grande mistério.

A Igreja é divina e a Igreja é humana. Até que ponto as falhas da humanidade podem afetar, ouso dizer, a divindade da Igreja, só Deus sabe. É um grande mistério. Tendo verificado os fatos, devemos enfrentá-los e nunca devemos abandonar a Igreja, a Igreja Católica Romana; Jamais o devemos abandonar, nem jamais devemos abandonar o sucessor de São Pedro, porque por ele estamos unidos a Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas se, infelizmente, arrastado por quem sabe que ideia ou que formação ou que pressão sofre, ou por negligência, nos abandona e arrasta por caminhos que nos fazem perder a fé, então, não devemos segui-lo, mesmo que reconhecer que Ele é Pedro e que, se ele fala com o carisma da infalibilidade, devemos aceitá-lo, mas quando ele não fala com o carisma da infalibilidade, pode muito bem estar errado, infelizmente. Não é a primeira vez que algo assim acontece na história.

Estamos profundamente perturbados, profundamente mortificados, nós que tanto amamos a Santa Igreja, que a veneramos, que sempre a veneramos. É por isso que este seminário existe, para o bem da Igreja Católica Romana, e é por isso que todos esses seminários existem. Sentimo-nos profundamente magoados com o nosso amor por nossa Mãe, pensando que, infelizmente, os seus servos já não a servem e até a traem. Devemos rezar, devemos nos sacrificar, devemos permanecer como a Virgem Maria, aos pés da Cruz, não abandonar Nosso Senhor Jesus Cristo, embora pareça que, como diz a Sagrada Escritura, "era como um leproso" sobre a Cruz Bem: a Virgem Maria tinha fé e por trás daquelas feridas, por trás do seu coração trespassado, via Deus em seu Filho, seu Filho divino.

Também nós, pelas feridas da Igreja, pelas dificuldades, pelas perseguições que sofremos, inclusive por parte dos que têm autoridade na Igreja, não abandonamos a Igreja, amamos a nossa Santa Madre Igreja e continuaremos a servi-la em apesar das autoridades, se necessário. Apesar das autoridades que injustamente nos perseguem, continuemos nosso caminho: queremos preservar a Santa Igreja Católica Romana, queremos continuar e continuaremos para o Sacerdócio, para o Sacerdócio de Nosso Senhor Jesus Cristo, para o verdadeiros sacramentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, para o seu verdadeiro catecismo.

Por que, meus queridos amigos? Você sabe que eu mesmo, e todos os meus colegas de certa idade aqui presentes, fomos ordenados na tradicional Santa Missa como sempre; recebemos o poder de celebrar a Santa Missa e o Santo Sacrifício no rito romano de sempre. Lembre-se disso: fui ordenado nesse rito e não quero abandoná-lo, não quero abandoná-lo. É a missa em que fui ordenado e quero continuar a viver. É verdadeiramente a Missa da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Sede fiéis, fiéis ao vosso Santo Sacrifício da Missa, que vos trará tantas consolações, tantas alegrias, tantas ajudas nas vossas dificuldades, nas vossas provas, nas perseguições que enfrentais e sofrereis. Você encontrará a força para sofrer com Nosso Senhor Jesus Cristo todos esses insultos, você encontrará essa força no Santo Sacrifício da Missa. Dando verdadeiramente Nosso Senhor Jesus Cristo em seu Corpo, em seu Sangue, em sua Alma, em sua Divindade aos fiéis, você também lhes dará a coragem de seguir a Igreja em sua tradição e de imitar os exemplos de todos os Santos que todos aqueles que foram beatificados, canonizados, apontados como modelos de santidade na Santa Igreja, os precederam. Eles continuarão sendo nosso modelo.

A Bem-aventurada Virgem Maria, em particular, seja o nosso modelo. Peçamos-lhe que faça de vós, queridos amigos, santos sacerdotes, sacerdotes como ela quiser. Se a invocarem no decorrer da sua vida, ela os protegerá e os tornará sacerdotes segundo o coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, seu divino Filho.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amen.

 

Arcebispo Marcel Lefebvre

 

Econe, 29 de junho de 1982.

 

 

THE SORROWING AND SUBLIME CHURCH. MONS. MARCEL LEFEBVRE.


 

My beloved brothers, my dearest friends:

Here we are gathered once more in Econe, to participate in this very touching ceremony of priestly ordination. Indeed, if there is a ceremony that makes us live the most sublime moments of the Church, that is the priestly ordination. In particular, she reminds us of the Last Supper, during which Our Lord Jesus Christ made his apostles priests. It also reminds us of the coming of the Holy Spirit on the apostles on the day of Pentecost. In this way the Church continues and the Holy Spirit continues to expand by the hand of the successor of the apostles. Today we are happy to be able to confer priestly ordination on thirteen new priests.

There should have been no priestly ordinations this year since, as the studies have extended from five to six years, the consequences of that change gravitated to 1982. But particular circumstances, special occasions, have led us to ordain seven deacons of the church today. Fraternity and six others who are part of various sister congregations, who sustain the same struggle, with the same convictions and identical love for the Church. The day before yesterday I conferred priestly ordination on two members of the German district of the Fraternity, bringing the number of priests this year to fifteen.

Hopefully, by the grace of God and as the years go by, that number will increase, since our seminaries, especially those in Germany and the United States, are now going to bear the fruits of the work done in previous years.

The first ordination in Ridgefield (United States) will take place next year with three new priests. The same thing has already happened, the Zaitzkofen seminary in Germany.

We must pray that God will bless these seminaries and that those who are preparing for the priesthood receive in abundance the graces they need.

Dear friends, you who in a few moments will be ordained priests, today more than ever understand, you are sure that this ordination will place you at the very heart of the work of the Redemption of Our Lord Jesus Christ. By his sacrifice made on the Cross, Our Lord, in a certain way, promised to make priests, to make those whom he chose to continue his sacrifice, a source of graces, of Redemption, participate in his eternal priesthood, because it is the great God's work. God created everything for Redemption. It is his great work of charity.

God is charity. Everything that comes out of God is charity. He wanted to divinize us, to communicate to us that immense charity in which He burns from eternity. He wanted to communicate it to us and he did so through an extraordinary manifestation, by his Cross, by the death of a God, by his shed Blood. He wanted men chosen by Him to continue that Sacrifice in order to infuse souls with His divine life, to heal them of their defects, their sins, to communicate His own Life, so that one day that life may glorify us and so that we may be glorified. with God in eternity. That is the work of God.

For that He has created everything; All that world that we see He did it for the Cross, He did it for the Redemption of souls. He did it for the Holy Sacrifice of the Mass. He did it for the priests. He did it so that souls could unite with Him, particularly as a Victim in the Holy Eucharist. It is communicated to us as Victim, so that we too offer our lives with his and so that we participate not only in our Redemption but also in the Redemption of souls.

That plan of God, that thought of God that created the world, is an extraordinary thing. We are astonished at this great mystery that God has made on this earth. And precisely because the Sacrifice of Our Lord is found in the heart of the Church, in the heart of our salvation, in the center of our souls, everything that refers to the Holy Sacrifice of the Mass touches us deeply, touches each of us. one of us personally, because we must receive the Blood of Jesus through Baptism and all the sacraments, particularly through the sacrament of the Eucharist, to save our souls. That is why we feel so much adherence to the Holy Sacrifice of the Mass, and even more so from the moment he wants to touch it to make it, supposedly, more acceptable for those who do not have our faith, for those who do not have the Catholic faith. All those changes that have been introduced in recent years in what is most precious about the Holy Church, in the liturgy, have been made to bring us closer to our separated brothers, that is, to those who do not have our faith

Then our hearts and minds have been shaken, and our faith has been shaken. We have asked ourselves: Is it possible that this reality, the greatest, the most mystical, the most beautiful, the most divine of our Church, the Holy Roman Catholic Church, can be reduced? Diminish it in such a way that it is left at the disposal of heretics? We have not been able to understand it, and, excited, we wonder how, really, some clergy with ideas foreign to the Church, without true inspirations of the Holy Spirit, moved not by the Spirit of Truth but by the spirit of error, have been able to ascend to the highest summit of the Church and enact reforms that would destroy it. Unfathomable mystery! How could it be? How could God allow that? How could Our Lord, who had made all those promises to Peter and his successors, allow it, how could we come to see that reality in our time? Blessed are the faithful who lived before us and who did not have to consider and solve these problems!

In short, I would like to try to bring to your minds a little light about what I believe should be our course of conduct in the midst of these very painful events that the Church is experiencing. It seems to me that this passion that the Holy Church suffers today can be compared to the Passion of Our Lord Jesus Christ. You know how stupefied the apostles themselves felt before Our Lord bound, after receiving the kiss of the betrayal of Judas. They take him away, disguise him with a scarlet cloak, mock him, beat him, carry him with the Cross and the apostles flee, scandalized. It's not possible! That the one to whom Peter proclaimed: You are the Christ, the Son of God, be reduced to that poverty, that humiliation, that affront, it is not possible! And the apostles flee.

Only the Virgin Mary with Saint John and some women surround Our Lord and preserve the faith; they don't want to abandon you. They know that Our Lord is truly God, but they also know that He is man. It is precisely this union of divinity with the humanity of Our Lord that has posed extraordinary problems. Because Our Lord did not want only to be a man: he wanted to be a man like

us, with all the consequences of sin, but without sin, exempt from sin. However, he wanted to suffer all the consequences of sin: pain, fatigue, suffering, hunger, thirst, death. Until death, yes, Our Lord did that extraordinary thing that scandalized the apostles, before scandalizing many and others who separated from Our Lord because they did not believe in His Divinity.

Throughout the course of the history of the Church souls are found who, astonished at the weakness of Our Lord, did not believe that He was God. This is the case of Arrio. Arius said to himself: “No, it is not possible, this man cannot be God, since he has said that He was less than His Father, that His Father was greater than Him; therefore, He is less than His Father. So, it is not God. And then he spoke those surprising words: "My soul is sad to death." How, He who had the beatific vision, who saw God in his human soul and who, therefore, was much more glorious than weak, much more eternal than temporal - his soul was already in eternity, blessed - could suffer and say: "My soul is sad to death", and then utter those unheard words that we could never have imagined on the lips of Our Lord: "Lord, Lord, why have you forsaken me?" That's when the scandal, unfortunately, spreads among the weak souls and Arius gets almost the entire Church to say: no, this person is not God.

On the other hand, others reacted and said: perhaps all that Our Lord suffered, the blood, the wounds, the Cross, all that is pure imagination. Are they actually external phenomena that happened? But they weren't real, something like that of the archangel Raphael when he accompanied Tobías and told him later: You believed that I ate when I took food, but no, I was nourished by spiritual food. The archangel Raphael did not have a body like that of Our Lord Jesus Christ; He had not been conceived in the womb of an earthly mother as Our Lord had been in the womb of the Virgin Mary. They said that Our Lord was a phenomenon like that, and that he seemed to eat and did not eat, that he seemed to suffer and did not suffer. Those were the ones who denied the human nature of Our Lord Jesus Christ, the Monophysites, the Monothelites, who denied the human nature and will of Our Lord Jesus Christ: everything was divine in Him, and everything that had happened was but appearance.

See the consequences of those who are scandalized by reality, by Truth. I would make a comparison here with the Church of today. We have been scandalized, yes truly scandalized, of the situation of the Church. We thought that the Church was really divine, that it could never be wrong and that it could never deceive us.

And it really is. The Church is divine; the Church cannot lose the Truth; the Church will always guard the eternal Truth. But she is also human, and much more human than Our Lord Jesus Christ: Our Lord could not sin, he was the Holy One, the Just One par excellence.

The Church, if it is divine, and truly divine, provides us with all the things of God —particularly the Holy Eucharist—, eternal things that can never change, that will make the glory of our souls in Heaven. Yes, the Church is divine, but it is also human. It is supported by men who can be sinners, who are sinners and who, although they participate in a certain way in the divinity of the Church, to a certain extent - like the Pope, for example, because of his infallibility, because of the charism of infallibility. of the divinity of the Church, while still being a man - they are still sinners. The Pope, except in the case in which he uses his charisma of infallibility, can make mistakes, he can sin.

We do not have to be scandalized and say, as some do, in the Ariusian style, that, then, he is not Pope. Thus, said Arius: "It is not God, it is not true, Our Lord cannot be God."

We too are tempted to say: "He is not Pope, he cannot be Pope if he does what he does." (this is pure Arianism)

Or if not, instead, like others who would defy the Church to the point that everything would be perfect in the Church, we could say: “It is not a question of us doing something that opposes what comes from Rome, because everything is divine. in Rome and we must accept everything that comes from there”. (Monophysitism and monothelialism) Those who say so do like those who said that Our Lord was in such a way God that it was not possible for him to suffer, that all that were but appearances of suffering, that in reality he did not suffer, that in reality His Blood it did not flow, which were but appearances that affected the eyes of those around Him, but not a reality. The same is true today with some who continue to say: "No, nothing can be human in the Church, nothing can be imperfect, in the Church." Those are also wrong. They do not admit the reality of things. How far can the imperfection of the Church go, how far can - I would say - reach the sin in the Church, the sin in the intelligence, the sin in the soul, the sin in the heart and the will? The facts show us.

A moment ago, I was telling you that we would never have dared to place on the lips of Our Lord the words: "My God, my God, why have you abandoned me?" And well, neither would we have ever thought that evil, that error, could penetrate into the bosom of the Church. Now we live that time: we cannot close our eyes. The facts appear before our eyes and do not depend on us. We are witnesses of what happens in the Church, of everything horrible that has happened since the Council, of the ruins that accumulate day after day, year after year in the Holy Church. As time passes, the errors spread more and the faithful lose the Catholic faith. A recent survey in France indicated that no more than two million French are still truly Catholic in practice.

We are reaching the end. The whole world will fall into heresy. Everyone will fall into the error because, as Saint Pius X said, there are clerics who have infiltrated the interior of the Church and have occupied it. They have spread the errors thanks to the key positions they occupy in the Church.

Now, are we obliged to follow the error because it comes to us by way of authority? Just as we must not obey unworthy parents who demand that we do unworthy things, so we must not obey those who demand that we deny our faith and abandon all tradition. There's nothing to do. Certainly, this union of divinity with humanity is a great mystery.

The Church is divine, and the Church is human. To what extent the failings of humanity can affect, dare I say, the divinity of the Church, only God knows. It is a great mystery. Having verified the facts, we must face them and we must never abandon the Church, the Roman Catholic Church; We must never abandon it, nor should we ever abandon the successor of Saint Peter, because through him we are united to Our Lord Jesus Christ. But if, unfortunately, dragged by who knows what idea or what formation or what pressure it suffers, or due to negligence, it abandons us and drags us along paths that make us lose faith, then, we should not follow it, even if we recognize that He is Peter and that, if he speaks with the charism of infallibility, we must accept it, but when he does not speak with the charism of infallibility, he may well be wrong, unfortunately. It is not the first time such a thing has happened in history.

We are deeply disturbed, deeply mortified, we who love the Holy Church so much, who have venerated her, who always venerate her. That is why this seminary exists, for the sake of the Roman Catholic Church, and that is why all those seminaries exist. We feel deeply wounded in our love for our Mother, thinking that, unfortunately, her servants no longer serve her, and even betray her. We must pray, we must sacrifice ourselves, we must remain like the Virgin Mary, at the foot of the Cross, not abandon Our Lord Jesus Christ, even though it seems that, as Sacred Scripture says, "He was like a leper" on the Cross. Well: The Virgin Mary had faith and behind those wounds, behind her pierced heart, she saw God in her Son, her divine Son.

We too, through the wounds of the Church, through the difficulties, the persecution that we suffer, including from those who hold authority in the Church, we do not abandon the Church, we love our Holy Mother Church and we will continue serving her in spite of the authorities, if necessary. Despite those authorities that wrongly persecute us, let us continue on our way: we want to preserve the Holy Roman Catholic Church, we want to continue it and we will continue it for the Priesthood, for the Priesthood of Our Lord Jesus Christ, for the true sacraments of Our Lord Jesus Christ, for his true catechism.

Why, my dear friends? You know that I myself, and all my colleagues of a certain age here present, were ordained in the traditional Holy Mass; we have received the power to celebrate the Holy Mass and the Holy Sacrifice in the Roman rite of always. Remember that: I was ordained in that rite and I don't want to leave it, I don't want to abandon it. It is the Mass in which I was ordained and in which I want to continue living. It is truly the Mass of the Holy Roman Apostolic Catholic Church.

Be faithful, faithful to your Holy Sacrifice of the Mass, which will bring you so many consolations, so many joys, so many helps in your difficulties, in your trials, in the persecutions that you face and suffer. You will find the strength to suffer with Our Lord Jesus Christ all these insults, you will find that strength in the Holy Sacrifice of the Mass. By truly giving Our Lord Jesus Christ in his Body, in his Blood, in his Soul, in his Divinity to the faithful, you will also give them the courage to follow the Church in its tradition and to imitate the examples of all the Saints who all those who have been beatified, canonized, pointed out as models of holiness in the Holy Church have preceded. They will continue to be our model.

May the Blessed Virgin Mary, in particular, be our model. Let us ask her to make of you, dear friends, holy priests, priests as she wishes. If you invoke it in the course of your life, it will protect you and make you priests according to the heart of Our Lord Jesus Christ, his divine Son.

In the name of the Father and of the Son and of the Holy Spirit. Amen.

 

Archbishop Marcel Lefebvre

 

Econe, June 29, 1982.

 

 

LA IGLESIA DOLIENTE Y SUBLIME. MONS. MARCEL LEFEBVRE.

 


Mis amados hermanos, mis queridísimos amigos:  

Henos aquí reunidos una vez más en Econe, para participar en esta ceremonia, tan tocante, de la ordenación sacerdotal. Efectivamente si hay una ceremonia que nos hace vivir los instantes más sublimes de la Iglesia, ésa es la ordenación sacerdotal. En particular, ella nos recuerda la última Cena, en cuyo transcurso Nuestro Señor Jesucristo, hizo sacerdotes a sus apóstoles. También nos recuerda la venida del Espíritu Santo sobre los apóstoles el día de Pentecostés. De esa manera la Iglesia continúa y el Espíritu Santo sigue expandiéndose por mano del sucesor de los apóstoles. Hoy nos sentimos dichosos de poder conferir la ordenación sacerdotal a trece nuevos sacerdotes.

No habría tenido que haber ordenaciones sacerdotales este, año ya que como los estudios se han extendido de cinco a seis años, las consecuencias de ese cambio gravitaron sobre 1982. Pero circunstancias particulares, ocasiones especiales, han hecho que hoy ordenemos a siete diáconos de la Fraternidad y a otros seis que forman parte de diversas congregaciones hermanas, que sostienen la misma lucha, con las mismas convicciones e idéntico amor a la Iglesia. Antes de ayer he conferido la ordenación sacerdotal a dos miembros del distrito de Alemania de la Fraternidad, con lo cual el número de sacerdotes este año se eleva a quince.   

Esperemos que, por gracia de Dios y a medida que pasen los años ese número vaya en aumento, puesto que nuestros seminarios, especialmente los de Alemania y Estados Unidos, van ahora a rendir los frutos del trabajo realizado en los años precedentes.

La primera ordenación en Ridgefield (Estados Unidos) se hará el año próximo con tres nuevos sacerdotes. Lo mismo ya ha sucedido, el seminario de Zaitzkofen, en Alemania.

Debemos rezar para que Dios bendiga esos seminarios y haga que los que en ellos se preparan para el sacerdocio reciban en abundancia las gracias que necesitan.

Queridos amigos, vosotros que dentro de pocos instantes vas a ser ordenados sacerdotes, hoy más que nunca comprendéis, estáis de seguro, que esta ordenación habrá de colocaros en el corazón mismo de la obra de la Redención de Nuestro Señor Jesucristo. Por su sacrificio cumplido en la Cruz, Nuestro Señor, en cierta manera, se comprometía a hacer sacerdotes, a hacer participar de su sacerdocio eterno a aquellos que Él elegiría para continuar su sacrificio, fuente de gracias, de la Redención, porque es la gran obra de Dios. Dios creó todo para la Redención. Es su gran obra de caridad.

Dios es caridad. Todo lo que sale de Dios es caridad. Él ha querido divinizarnos, comunicarnos esa caridad inmensa en la que Él arde desde la eternidad. Ha querido comunicárnosla y lo ha hecho mediante una manifestación extraordinaria, por su Cruz, por la muerte de un Dios, por su Sangre derramada. Quiso que hombres elegidos por Él continua­sen ese Sacrificio con el fin de infundir su vida divina a las almas, de curarlas de sus defectos, de sus pecados, de comunicarles su propia Vida, para que un día esa vida nos glorifique y para que seamos glori­ficados con Dios en la eternidad. Esa es la obra de Dios.

Para eso Él ha creado todo; todo ese mundo que vemos Él lo hizo para la Cruz, lo hizo para la Redención de las almas. Lo hizo para el Santo Sacrificio de la Misa. Lo hizo para los sacerdotes. Lo hizo para que las almas puedan unirse a Él, particularmente como Víctima en la Santa Eucaristía. Se comunica a nosotros como Víctima, para que tam­bién nosotros ofrezcamos nuestras vidas con la suya y para que así par­ticipemos no sólo en nuestra Redención sino también en la Redención de las almas.

Ese plan de Dios, ese pensamiento de Dios que ha creado el mundo, es una cosa extraordinaria. Quedamos estupefactos ante ese gran mis­terio que Dios ha realizado en esta tierra. Y precisamente porque el Sacrificio de Nuestro Señor se halla en el corazón de la Iglesia, en el corazón de nuestra salvación, en el centro de nuestras almas, todo aquello que se refiere al Santo Sacrificio de la Misa nos toca profundamente, nos toca a cada uno de nosotros personalmente, porque debemos recibir la Sangre de Jesús por el Bautismo y todos los sacramentos, en particular por el sacramento de la Eucaristía, para salvar nuestras almas. Por eso sentimos tanta adhesión al Santo Sacrificio de la Misa, y más todavía desde el momento en que quiere tocársela para hacerla, supuestamente, más aceptable para los que no tienen nuestra fe, para los que no tienen la fe católica. Todos esos cambios que han sido introducidos estos últimos años en lo que tiene de más precioso la Santa Iglesia, en la liturgia, se han hecho para acercarnos a nuestros hermanos separados, es decir, a los que no tienen nuestra fe.

Entonces se ha estremecido nuestro corazón, nuestra inteligencia y se ha conmovido nuestra fe. Nos hemos preguntado: ¿Es posible que se pueda reducir esa realidad, la más grande, la más mística, la más hermosa, la más divina de nuestra Iglesia, la Santa Iglesia Católica Romana? ¿disminuirla de tal suerte que se la deje a disposición de los herejes? No hemos podido comprenderlo, y, emocionados, nos pregun­tamos cómo, realmente, algunos clérigos con ideas ajenas a la Iglesia, sin verdaderas inspiraciones del Espíritu Santo, movidos no por el Espí­ritu de Verdad sino por el espíritu del error, hayan podido ascender hasta la cumbre más alta dé la Iglesia y promulgar reformas que la destruirían. ¡Misterio insondable! ¿Cómo pudo ser? ¿Cómo Dios pudo permitir eso? ¿Cómo pudo per­mitirlo Nuestro Señor, que había hecho todas aquellas promesas a Pedro ya sus sucesores, cómo pudimos llegar a ver esa realidad en nuestra época? ¡Bienaventurados los fieles que vivieron antes que nosotros y que no tuvieron que plantearse y resolver estos problemas!

En pocas palabras, querría intentar llevar a vuestras mentes un poco de luz acerca de lo que creo debe ser nuestra línea de conducta en medio de estos acontecimientos tan dolorosos que vive la Iglesia. Me parece que esta pasión que sufre la Santa Iglesia hoy en día puede compararse con la Pasión de Nuestro Señor Jesucristo. Sabéis cuán estupefactos se sintieron los apóstoles mismos ante Nuestro Señor ma­niatado, después de recibir el beso de la traición de Judas. Sé lo llevan, lo disfrazan con un manto escarlata, se burlan de Él, le golpean, le cargan con la Cruz y los apóstoles huyen, escandalizados. ¡No es posible! que aquel a quien Pedro proclamó: Tú eres el Cristo, el Hijo de Dios, se vea reducido a esa indigencia, a esa humillación, a esa afrenta, ¡no es posible! Y los apóstoles huyen.

Únicamente la Virgen María con San Juan y algunas mujeres rodean a Nuestro Señor y conservan la fe; no quieren abandonarle. Saben que Nuestro Señor es verdaderamente Dios, pero saben también que es hombre. Precisamente esa unión de la divinidad con la humanidad de Nues­tro Señor es la que ha planteado problemas extraordinarios. Porque Nuestro Señor no quiso solamente ser hombre: quiso ser hombre como

nosotros, con todas las consecuencias del pecado, pero sin el pecado, exento del pecado. Sin embargo, quiso sufrir todas las consecuencias del pecado: el dolor, el cansancio, el sufrimiento, el hambre, la sed, la muerte. Hasta la muerte sí, Nuestro Señor realizó esa cosa extraordinaria que escandalizó a los apóstoles, antes de escandalizar a muchos y otros que se separaron de Nuestro Señor porque no creyeron en Su Divinidad.

En todo el curso de la historia de la Iglesia se encuentra a almas que, atónitas ante la debilidad de Nuestro Señor, no creyeron que Él era Dios. Es el caso de Arrio. Arrio se dijo: “No, no es posible, este hombre no puede ser Dios, puesto que ha dicho que Él era menos que Su Padre, que Su Padre era más grande que Él; por lo tanto, Él es menos que Su Padre. Así, pues, no es Dios. Y luego pronunció aquellas palabras sorprendentes: “Mi alma está triste hasta la muerte”. ¿Cómo , Aquel que tenía la visión beatífica, que veía a Dios en su alma humana y que, por ende, era mucho más glorioso que débil, mucho más eterno que temporal —su alma ya estaba en la eternidad, bienaventurada— podía sufrir y decir: “Mi alma está triste hasta la muerte”, y después pronunciar esas palabras inauditas que nunca hubiéramos podido imaginar en los labios de Nuestro Señor: "Señor, Señor, ¿por qué me has abandonado?” Entonces es cuando el escándalo, por desgracia, se ex­tiende entre las almas débiles y Arrio consigue que casi toda la Iglesia diga: no, esta persona no es Dios.

En cambio, otros reaccionaron y dijeron: quizá todo eso que Nuestro Señor sufrió, la sangre, las heridas, la Cruz, todo esa es pura imaginación. ¿En realidad, se trata de fenómenos exteriores que sucedieron? pero que no eran reales, algo así como lo del arcángel Rafael cuando acompañó a Tobías y le dijo después: Creíais que yo comía cuando, tomaba alimento, pero no, me nutría de un alimento espiritual. El arcángel Rafael no tenía un cuerpo como el de Nuestro Señor Jesucristo; no había sido concebido en el seno de una madre terrenal como lo había sido Nuestro Señor en el seno de la Virgen María. Dijeron que Nuestro Señor era un fenómeno como ese, y que parecía comer y no comía, que parecía sufrir y no sufría. Esos fueron los que negaron la naturaleza humana de Nuestro Señor Jesucristo, los monofisitas, los monotelitas, que negaron la naturaleza y la voluntad humana de Nuestro Señor Jesu­cristo: todo era divino en Él, y todo lo que había sucedido no era sino apariencia.

Ved las consecuencias de aquellos que se escandalizan de la rea­lidad, de la Verdad. Haría aquí una comparación con la Iglesia de hoy. Nos hemos escandalizado, sí verdaderamente escandalizado de la situa­ción de la Iglesia. Pensábamos qué la Iglesia era realmente divina, que nunca podía equivocarse y que nunca podía engañarnos.

Y en verdad es así. La Iglesia es divina; la Iglesia no puede perder la Verdad; la Iglesia custodiará siempre la Verdad eterna. Pero también es humana, y mucho más humana que Nuestro Señor Jesucristo: Nues­tro Señor no podía pecar, era el Santo, el Justo por excelencia.

La Iglesia, si es divina, y verdaderamente divina, nos proporciona todas las cosas de Dios —particularmente la Santa Eucaristía—, cosas eternas que jamás podrán cambiar, que harán la gloria de nuestras almas en él Cielo. Sí, la Iglesia es divina, pero también es humana. Está sostenida por hombres que pueden ser pecadores, que son pecadores y que, si bien participan en cierta manera de la divinidad de la Iglesia, en cierta medida —como el Papa, por ejemplo, por su infalibilidad, por el carisma de la infalibilidad participa de la divinidad de la Iglesia, no obstante seguir siendo hombre—, siguen siendo pecadores. El Papa, salvo en el caso en que usa su carisma de infalibilidad, puede equivo­carse, puede pecar.

No tenemos por qué escandalizarnos y decir, como algunos, al es­tilo de Arrio, que, entonces, no es Papa. Así decía Arrio: “No es Dios, no es verdad, Nuestro Señor no puede ser Dios”.

También nosotros nos sentimos tentados de decir: “No es Papa, no puede ser Papa si hace lo que hace”. (esto es arrianismo puro)

O si no, en cambio, como otros que divinizarían a la Iglesia al punto de que todo sería perfecto en la Iglesia, podríamos decir: “No es cuestión de que hagamos algo que se oponga a lo que viene de Roma, porque todo es divino en Roma y debemos aceptar todo lo que de allí venga”. (Monofisismo y monotelismo) Los que así dicen hacen como aquellos que decían que Nuestro Señor era de tal manera Dios que no era posible que sufriere, que todo aquello no eran sino apariencias de sufrimientos, que en realidad no sufría, que en realidad Su Sangre no manaba, que no eran sino apa­riencias que afectaban los ojos de los que Le rodeaban, pero no una realidad. Lo mismo sucede hoy en día con algunos que siguen diciendo: “No, nada puede ser humano en la Iglesia, nada puede ser imperfecto, en la Iglesia”. También esos se equivocan. No admiten la realidad de las cosas. ¿Hasta dónde puede llegar la imperfección de la Iglesia, hasta dónde puede llegar—diría yo— el pecado en la Iglesia, el pecado en la inteligencia, el pecado en el alma, el pecado en el corazón y en la voluntad? Los hechos nos lo muestran.

Hace un momento os decía que nunca nos habríamos atrevido a colocar en labios de Nuestro Señor las palabras: “Dios mío, Dios mío, ¿por qué me has abandonado?”. Y bien, tampoco nunca habríamos pen­sado que el mal, que el error, pudieran penetrar en el seno de la Iglesia. Ahora vivimos esa época: no podemos cerrar los ojos. Los hechos se nos aparecen ante los ojos y no dependen de nosotros. Somos testigos de lo que sucede en la Iglesia, de todo lo espantoso que ha ocurrido a partir del Concilio, de las ruinas que se acumulan día tras día, año tras año en la Santa Iglesia. A medida que pasa el tiempo, más se ex­tienden los errores y más pierden los fieles la fe católica. Una encuesta hecha recientemente en Francia indicó que nada más que dos millones de franceses son todavía verdaderamente católicos en la práctica.

Estamos llegando al fin. Todo el mundo caerá en la herejía. Todo el mundo caerá en el error porque, como decía San Pío X, hay clérigos que se han infiltrado en el interior de la Iglesia y la han ocupado. Han difundido los errores gracias a los puestos claves que ocupan en la Iglesia.

Ahora bien, ¿estamos obligados a seguir el error porque nos venga por vía de autoridad? Así como no debemos obedecer a padres indig­nos que nos exijan hacer cosas indignas, así tampoco debemos obe­decer a los que nos exijan renegar de nuestra fe y abandonar toda la tradición. No hay nada que hacer. Ciertamente, es un gran misterio esa unión de la divinidad con la humanidad.

La Iglesia es divina, y la Iglesia es humana. Hasta qué punto las fallas de la humanidad pueden afectar, me atrevo a decir, la divinidad de la Iglesia, sólo Dios lo sabe. Es un gran misterio. Comprobados los hechos, debemos enfrentarlos y nunca debemos abandonar la Iglesia, la Iglesia Católica Romana; nunca debemos abandonarla, ni abandonar nunca al sucesor de San Pedro, pues por su intermedio estamos unidos a Nuestro Señor Jesucristo. Pero si, por desgracia, arrastrado por vaya a saber qué idea o qué formación o qué presión que sufriese, o por negligencia, nos abandona y nos arrastra por caminos que nos hacen perder la fe, pues entonces, no deberemos seguirlo, aunque reconozca­mos que es Pedro y que, si habla con el carisma de la infalibilidad de­bemos aceptarlo, pero cuando no hable con el carisma de la infalibilidad bien puede equivocarse, desgraciadamente. No es la primera vez que sucede una cosa así en la historia.

Nos sentimos profundamente perturbados, profundamente mortifi­cados, nosotros que tanto amamos a la Santa Iglesia, que la hemos venerado, que la veneramos siempre. Por eso existe este seminario, por amor a la Iglesia Católica Romana, y por eso existen todos esos semina­rios. Nos sentimos profundamente heridos en el amor a nuestra Madre, al pensar que, por desgracia, sus servidores ya no la sirven, e incluso la traicionan. Debemos orar, debemos sacrificarnos, debemos permanecer como la Virgen María, al pie de la Cruz, no abandonar a Nuestro Señor Jesucristo, aunque parezca que, como dice la Sagrada Escritura, "Era como un leproso” sobre la Cruz, Pues bien: la Virgen María tenía fe y detrás de esas, llagas, detrás del corazón traspasado, veía a Dios en su Hijo, su divino Hijo.

Nosotros también, a través de las llagas de la Iglesia, a través de las dificultades, de la persecución que sufrimos, inclusive por parte de aquellos que ostentan autoridad en la Iglesia, no abandonamos a la Iglesia, amamos a nuestra Santa Madre Iglesia y seguiremos sirviéndola a pesar de las autoridades, si fuera necesario. A pesar de esas autori­dades que equivocadamente nos persiguen, sigamos nuestro camino: queremos conservar la Santa Iglesia Católica Romana, queremos conti­nuarla y la continuaremos por el Sacerdocio, por el Sacerdocio de Nues­tro Señor Jesucristo, por los verdaderos sacramentos de Nuestro Señor Jesucristo, por su verdadero catecismo.

¿Por qué, mis queridos amigos? Sabéis que yo mismo, y todos mis colegas de cierta edad aquí presentes, fuimos ordenados en la Santa Misa tradicional de siempre; hemos recibido el poder de celebrar la Santa Misa y el Santo Sacrificio en el rito romano de siempre. Recordad eso: fui ordenado en ese rito y no quiero dejarlo, no quiero abandonarlo. Es la Misa en la que fui ordenado y en la que quiero seguir viviendo. Es verdaderamente la Misa de la Santa Iglesia Católica Apostólica Romana.

Sed fieles, fieles a vuestro Santo Sacrificio de la Misa, que os brindará tantos y tantos consuelos, tantas alegrías, tantos auxilios en vuestras dificultades, en vuestras pruebas, en las persecuciones que arros­tráis y sufrir. Hallaréis la fuerza para sufrir con Nuestro Señor Jesucristo todas esas afrentas, hallaréis esa fuerza en el Santo Sacrificio de la Misa. Al dar verdaderamente a Nuestro Señor Jesucristo en su Cuerpo, en su Sangre, en su Alma, en su Divinidad a los fieles, les daréis también el valor para seguir a la Iglesia en su tradición y para imitar los ejemplos de todos los Santos que nos han precedido, todos aquellos que han sido beatificados, canonizados, señalados como modelos de santidad en la Santa Iglesia. Ellos seguirán siendo nuestro modelo.

Que la Santísima Virgen María, en particular, sea nuestro modelo. Pidámosle hacer de vosotros, queridos amigos, sacerdotes santos, sacer­dotes como Ella lo desea. Si la invocáis en el curso de vuestra vida, os protegerá y hará de vosotros sacerdotes según el corazón de Nuestro Señor Jesucristo, su divino Hijo.

En el nombre del Padre y del Hijo y del Espíritu Santo. Amén.

Marcel Lefebvre Arzobispo

Econe, 29 de junio de 1982.

 

 

jueves, 23 de diciembre de 2021

ET VERBUM CARO FACTUM EST ET HABITAVIT IN NOBIS...

 

Neste Natal do Senhor, fixemos os olhos da alma na humilde manjedoura onde quis nascer o Redentor do mundo. O que vemos nele? Sim, àquele que os Anjos anunciaram aos pastorinhos de Belém, "uma criança reclinada na manjedoura". Não encontro objeto maior e inefável de meditação e consideração do que o Verbo eterno feito Homem reclinado naquela rude manjedoura, a humilde majestade, o débil poder, a reduzida imensidão, a muda sabedoria e a eternidade nascidas no tempo. listados acima o suficiente ou você está faltando mais? Acredito sinceramente que estes mistérios meditados com verdadeira piedade nos servem para alimentar, nutrir e ver crescer a nossa espiritualidade. Não quero desmontar uma a uma, espero que neste Natal meus amáveis ​​leitores sejam aqueles que, com a ajuda do Espírito Santo, meditem no fundo de suas almas estas palavras encerradas nessa cor vermelha e destacadas em amarelo.

 Caros leitores, muito obrigado por apoiar este blog. Graças a vocês, felizmente alcançamos o número de um milhão e cento e cinquenta mil entradas.

 

DESEJO-LHE UM FELIZ NATAL A VOCÊ E A SUA FAMÍLIA, EM NOSSO SENHOR JESUS ​​CRISTO INFANTE DE SEU CRIME HUMILDE.

 

Com profunda gratidão ao seu servidor.

 

R. P. Arturo Vargas Meza

 

ET VERBUM CARO FACTUM EST ET HABITAVIT IN NOBIS...

 

In this Christmas of the Lord, let us fix the eyes of our soul on the humble manger where the Redeemer of the world wanted to be born. What do we see in him? Yes, to the one that the Angels announced to the little shepherds of Bethlehem, "a child reclining in a manger." I do not find a greater and ineffable object of meditation and consideration than the eternal Word made Man reclining in that rude manger, the humble majesty, the weak power, the reduced immensity, the mute wisdom and the eternity born in time. Are the mysteries listed above enough or are you missing more? I sincerely believe that these mysteries meditated with true piety serve us to feed, nurture and see our spirituality grow. I do not want to break down one by one I hope that this Christmas my kind readers are those who, with the help of the Holy Spirit, meditate in the depths of their souls these words enclosed in that red color and highlighted in yellow.

 

Dear readers, thank you very much for supporting this blog. Thanks to you, we have happily reached the figure of one million one hundred and fifty thousand entries.

 

I WISH YOU A MERRY CHRISTMAS TO YOU AND YOUR FAMILY MEMBERS, IN OUR LORD JESUS ​​CHRIST INFANT FROM HIS HUMBLE CRIME.

 

With deep gratitude your server.

R. P. Arturo Vargas Meza

 

ET VERBUM CARO FACTUM EST ET HABITAVIT IN NOBIS...

 

 En esta navidad del Señor fijemos los ojos de nuestra alma en el humilde pesebre donde quiso nacer el Redentor del mundo, ¿Qué vemos en él? Si, a aquel que anunciaron los Ángeles a los pastorcitos de Belén, “a un niño recostado en un pesebre”. No encuentro objeto de meditación y consideración más grande e inefable que al Verbo eterno hecho Hombre recostado en ese rudo pesebre, a la majestad humilde, al poder endeble, a la inmensidad reducida, a la sabiduría muda y a la eternidad nacida en el tiempo, ¿Te son suficientes los misterios enumerados anteriormente o te faltan más? Creo sinceramente que estos misterios meditados con verdadera piedad nos sirven para alimentar, nutrir y ver crecer nuestra espiritualidad. No quiero desmenuzar uno por uno deseo que en esta navidad sean mis amables lectores los que, con la ayuda del Espíritu Santo, mediten en lo más profundo de sus almas estas palabras encerradas en ese color rojo y resaltadas en color amarillo.

Estimados y queridos lectores muchas gracias por apoyar este blog gracias a ustedes hemos llegado felizmente a las cifra de un millón ciento cincuenta mil entradas.

LES DESO UNA FELIZ NAVIDAD PARA USTEDES Y SUS FAMILIARES, EN NUESTRO SEÑOR JESUCRISTO INFANTE DESDE SU HUMILDE PESEBRE.

 

Con profundo agradecimiento vuestro servidor.

R. P. Arturo Vargas Meza

 

 

 


martes, 21 de diciembre de 2021

SERMÃO SOBRE A NATIVIDADE DE NOSSO SENHOR. SAN BUENAVENTURA

 

Caro leitor, é possível que o seguinte artigo seja espiritual demais, pois entre todos os doutores da Igreja São Boaventura é chamado de “Doutor Seráfico” pela altura e profundidade de seus escritos, seja paciente e peça ao Espírito Santo que o ilumine. você. necessário entender algo. Quem escreve está tentando tornar este artigo mais acessível à nossa inteligência, mas não esqueçamos que naquela época o nível espiritual das almas era superior ao atual.

Pois o que nasceu nela é do Espírito Santo (Mt 1,20).

Estas palavras são evangélicas e angélicas ao mesmo tempo: evangélicas porque foram escritas pelo evangelista São Mateus, c.1, ao descrever o nascimento do Senhor; e angelicais porque foram falados pelo anjo quando ele anunciou o mesmo mistério. O anjo, com efeito, disse-lhes assim: José, filho de David, é. não tenha medo de receber Maria, sua esposa, porque o que nasceu nela é do Espírito Santo. O que é como se dissesse: não se espante com a novidade do milagre; Não se surpreenda, eu digo, que Maria aparece grávida antes de ter vivido com você, porque sua concepção é do Espírito Santo, E longe de você todas as suspeitas de adultério, porque Maria concebeu milagrosamente pelo Espírito Santo, para quem há nada impossível. Onde é de notar que o Espírito Santo só pode vir do santo, como o anjo disse a Maria em São Lucas, c.l: E, portanto, o que nascer de você santo, será chamado de Filho de Deus. (Para racionalistas, ateus, materialistas e alguns modernistas estas palavras do Arcanjo soam banais e sem sentido porque diferem do espiritual ou simplesmente não têm fé e nesta última palavra tudo é dito, não é assim para nós que, pela graça de Deus, temos fé e acreditamos firmemente na onipotência divina)

O que nasceu nele, etc. Aqui estão três coisas nessas palavras que exigem consideração:

Em primeiro lugar, quem nasce nele; então quem é ela e, finalmente, quem coopera em concebê-la.

E é saber que quem nela é concebido é Cristo, Deus e homem; quem concebe é Maria, mãe e virgem, e aquele, por cuja obra ela concebe, é o Espírito Santo. Temos, portanto, sobre este nascimento três mistérios para admirar, louvar e abençoar: o filho que nasce, a mãe que dá à luz e o Espírito Santo que santifica. (Com esta profunda consideração passaríamos a vida meditando e jamais chegaríamos ao fundo do mistério). Santificação que deve ser bem entendida, pois a referimos ao Espírito Santo, não como se tornasse santo o Filho de Deus, mas na medida em que o torna santo com respeito a ela.

Portanto, comecemos por considerar quem nasce nela, (aqui São Boaventura se refere ao verbo eterno e não a outro ser, por isso o anterior, o durante ela na anunciação e o posterior ao seu nascimento que é já Cristo Jesus.). E dizemos que sobre isso três nascimentos devem ser considerados. O primeiro, de fato, estava antes dela, o segundo nela e o terceiro dela. Quanto ao nascimento antes dela, ou melhor, antes de toda criatura, dizemos que consiste na geração eterna, sobre a qual é dito no Eclesiástico, c. 24: Saí da boca do Altíssimo, gerado primeiro do que qualquer criatura. - Aqui está indicado quem nasce, quem nasce e como nasce.

1. Em primeiro lugar, quem nasce é a sabedoria ou o Verbo eterno, que se expressa na primeira pessoa diz: Eu, a Sabedoria de Deus, que na carta aos Coríntios é o próprio Cristo. Então, somos informados de que o princípio do qual nasce a Sabedoria é o Pai: Eu vim do Altíssimo. E, finalmente, a forma como nasce, que nos é dado compreender quando se diz: saí da boca do Altíssimo, isto é, como a palavra vem de quem a diz ", no frase de Santo Agostinho, pensamento que o Santo volta a exprimir alhures quando diz: O Espírito Santo procede do Pai como dado, e o Filho como nascido ».

Quanto ao nascimento nela, deve-se dizer que é interno, que, ocorrendo no ventre virginal, é a concepção. (realizada na Anunciação do Arcanjo São Gabriel)

Sobre ela se dizem as palavras do tema: Pelo que nasceu nela, etc., e as do salmo: O homem nasceu nela. Tal é o nascimento ou concepção, cuja realização inefável é representada no que é precedido das ditas palavras do salmo: "Por acaso Sião será chamada homem?" Que é como se ele respondesse não. Então, por que se diz: o homem nasceu nela? O Senhor nos dirá nas Escrituras, visto que não cabe ao homem investigá-lo, mas sim ao Espírito Santo revelá-lo. Pois bem, só ele sabe revelar quem só ele sabe fazer, isto é, aos humildes e simples de coração.

E, por último, quanto ao seu nascimento, temos que é externo, pois implica a saída do ventre virginal para o exterior, conforme diz São Lucas, o: O Espírito Santo virá sobre ti, e o a virtude do Altíssimo irá ofuscar você. E é por isso que o filho que nascerá de você santo, será chamado de Filho de Deus. Promessa que encontrou cumprimento, como se vê em São Lucas, c.2, onde se diz: «Cumpridos os dias do seu parto em Maria, deu à luz o seu primogénito ao que propriamente chamamos de nascimento. " (que ocorreu em Belém e em uma manjedoura porque não havia lugar para eles na pousada)

Onde as três formas de nascimento que Cristo teve são claras. (Quem revê e corrige isso já está oprimido por um mistério tão grande e é difícil para a mente não se cansar) E para compreender mais plenamente o que estamos dizendo, acrescentemos aqui que, embora a natureza não possa fornecer semelhanças adequadas que expressem realidades sobrenatural, (São Boaventura com o desejo de nos fazer compreender um pouco o mistério, adapta-se à nossa compreensão pobre tomando dois belos e didáticos de natureza, por exemplo, o sol e a videira) nos oferece três exemplos ou, se você quiser três semelhantes três símiles: o esplendor que nasce da luz, o germe que nasce na videira e a flor que nasce brotando do galho ou da árvore. (Para aqueles que conhecem e estão na vinificação, eles estão bem cientes desses assuntos, o que não deve impedir aqueles de nós que não conhecem este ofício de entendê-lo com a ajuda do Espírito Santo) Voltando, então, ao assunto, devemos dizer que o primeiro símile ou exemplo é tirado do esplendor (aqui o Santo toma o sol como exemplo, que, distinguimos a estrela e sua luz que emite como duas coisas de uma única fonte , o Sol). O esplendor, com efeito, nasce da luz, coexiste naturalmente com a luz e faz uma distinção com respeito à luz, que por sua vez se distingue do esplendor. Uma coisa análoga ocorre entre o Pai e o Filho. O Filho, de fato, nascido do Pai é consubstancial ao Pai, porém, se distingue do Pai; e Pai e Filho realmente se distinguindo como pessoas, eles são, porém, a mesma coisa quanto à natureza divina (no catecismo dizemos que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus, então ele acrescenta, são três pessoas divinas e um só Deus) e por isso a Igreja, recordando tão glorioso nascimento, canta com alegria: "Ó Oriente, esplendor da luz eterna!"

O segundo símile em torno do nosso tema consiste no gérmen da videira (a videira como a cana-de-açúcar não tem uma semente como o milho, pois um dos ramos da mesma videira nasce como a cana da mesma cana). O germe, com efeito, nasce na videira, fecundando-a e enchendo-a de uma germinação vistosa. Mas essa vitalidade germinativa nasce no tronco da videira para a qual se abre, não a mancha, nem a quebra em termos de sua integridade, ou seja, seus ramos, suas folhas, sua flor como fruto destes não prejudicam o tronco da videira, uma vez a videira brotou da terra. Algo assim acontece na Virgem quando ela concebe.

Na verdade, Deus nasce nela. E Deus, ao ser concebido, a enche, a torna fecunda e a santifica, mas sem romper, nem violar, nem contaminar o seu claustro virginal nem a sua virgindade. Por isso, Deus, comparando aquele que nasce nela com o germe, diz pelo profeta: Eu levantarei Davi, o rebento ou germe da justiça, etc. E através de Isaías: Enviai, ó céus, enviai o orvalho do alto, e chovam nuvens sobre os justos; que a terra se abra e que o Salvador brote! e note que por terra humilde, estável e fértil se entende a bem-aventurada Virgem Maria, que se abriu, não corporalmente para se corromper, mas espiritualmente para crer no anjo e, assim, crer que produziu o Salvador.

 E, finalmente, a terceira comparação é tirada da flor. Com efeito, a flor nasce brotando do galho da videira. Mas deve-se notar que a flor, quando brota do galho, não o diminui, mas o melhora; não o quebra, mas o embeleza. É o que acontece aqui, nesta terceira forma de nascimento. Com efeito, Deus nasce da Virgem, mas nasce fecundando-a e embelezando-a, sem acrescentar ou corromper sua integridade virginal, segundo Ezequiel, e.44: Esta porta deve ser selada para sempre e não se abrirá nem passar por qualquer homem. É por isso que tal nascimento é comparado com o surgimento da flor, como pode ser visto em Isaías, e.11: E uma vara sairá da raiz de Jessé, e de sua raiz uma flor surgirá, e o Espírito do Espírito repousará sobre a flor. Onde é para avisar que por vara se entende a Virgem, Mãe de DEUS; pela flor, seu divino Filho; deixando a vara o nascimento da Virgem; pelo surgimento da flor, o nascimento do Salvador. Como você pode ver, tudo é baseado na raiz de Jesse. A raiz de Jessé, com efeito, produz a vara; a haste produz a flor e sobre a flor repousa o Espírito Santo. (Jessé era o pai de Davi, rei de Israel, era como aquela vara de videira que se faz na terra de modo que dela brota a videira, como já foi visto)

Portanto, quem nasce assim tem três maneiras de nascer. Nasce, de fato, antes de sua geração temporal, do Pai, como o esplendor da luz, por ex. o sol; nasce na Virgem e da Virgem, como o germe da videira; e, por fim, nasce saindo do ventre virginal, como a flor sai da haste, galho ou árvore. Por causa do primeiro nascimento, o Filho nasceu e nasce de Deus Pai, de acordo com a natureza divina. E por causa do segundo e terceiro nascimento, ele nasce da Virgem Mãe, de acordo com sua natureza humana.

Além disso, quanto ao primeiro nascimento, deve-se dizer que o Espírito Santo não emana, porque, segundo a doutrina das origens ou origens trinitárias, o Filho não procede do Espírito Santo, mas o Espírito Santo do Pai e do Filho. E quanto ao segundo e terceiro nascimento, isto é, da Santíssima Virgem, é indubitável que devam ser atribuídos ao Espírito Santo, como disse o anjo a Maria em São Lucas, c.1: 4: O Espírito Santo vai vir sobre ti, etc. E para terminar, digamos primeiro o dos dois nascimentos (Falando da anunciação e do próprio nascimento que ocorreu na Bem-Aventurada Virgem Maria, foram para a nossa saúde, através da sua morte na cruz), o o segundo e o terceiro, Eles nos são oferecidos como remédio na terra, enquanto o primeiro está reservado para nós como prêmio no céu (Refere-se à fruição divina à qual todos os bem-aventurados são chamados, segundo a de São Paulo: “ agora o vemos como nas trevas, mas quando estivermos no céu, o veremos como ele é, como o seráfico médico esclarece mais tarde). Que este é nosso prêmio eterno, você pode obtê-lo em San Juan, c.17: Esta é a vida eterna: que te conheçam, verdadeiro Deus, e teu enviado Jesus Cristo e acrescentemos, em segundo lugar, que os três nascimentos correspondem a tantas solenidades: o primeiro, com efeito, corresponde ao dia da solenidade eterna; a segunda, à solenidade de hoje, em que lemos sobre a concepção no ventre virginal, a terceira, à solenidade de amanhã, na qual a Igreja canta: Um menino nos nasceu.